Após o sucesso de The Last of Us na HBO, a animação Super Mario Bros. O Filme, produção da Illumination Studio (da franquia Meu Malvado Favorito) em parceria com a Nintendo, parece ser mais uma dessas realizações que, para alguns, ajudará a solidificar a ideia de que as adaptações audiovisuais inspiradas em videogames estão tomando um rumo cada vez mais sólido. Sobreutdo tendo em vista que, vistas por muitos como a próxima galinha dos ovos dourados da indústria cinematográfica, nos últimos anos foram algumas das mais controversas tentativas visando tal feito para o tão cultuado universo dos Games.
Na trama de Super Mario Bros. O Filme (adaptação que sucede um obscuro longa em live-action intitulado Super Mario Bros., de 1993), acompanhamos Mario e seu irmão Luigi, dois encanadores ítalo-americanos que trabalham no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova York. Em um dia de trabalho, entretanto, a dupla acidentalmente vai parar no reino dos cogumelos. Governado pela Princesa Peach, o reino encontra-se ameaçado por Bowser, o maligno rei dos Koopas, que está em busca de conquistar, além do amor de Peach, todos os reinos vizinhos ao seu.
A simplicidade do enredo dessa adaptação de Super Mario é, logo de cara, o seu maior acerto. Nos últimos anos, a impressão é de que virou moda para os filmes que possuem o público infantil como o seu principal alvo serem cada vez mais longos e com tramas complexas recheadas de reviravoltas- como é o caso de Sonic 2 (2022), e suas injustificáveis duas horas de duração, e da animação DC Liga dos SuperPets (2022), cujo a cansativa parcela final faz surgir um questionamento de que será possível que qualquer criança (e adulto) tenha algum mínimo resquício de paciência ou atenção para com a obra.
Esse não vem a ser o caso de Mario, uma animação que se demonstra confortável e satisfeita com as suas cerca de uma hora e meia de acontecimentos que se desenrolam sem muitos percalços, e com um ritmo que traz bastante fluidez para essa narrativa. Nesse contexto, o humor e o fan service se sobressaem, já que são a base que sustenta o roteiro escrito por Matthew Fogel. Entretanto, chama atenção como que esses elementos buscam a abrangência, não sendo um pré-requisito para o espectador ser o maior dos entendedores da mitologia Mario para que se divirta com o universo que vê em cena- as sequências do Kart, os trajes especiais de Mario, a presença de personagens como Donkey Kong, os cogumelos, as estrelas, etc.
A qualidade do trabalho de animação da Illumination também é destaque. Há uma atenção bastante minuciosa aos pequenos detalhes desse icônico universo criado por Shigeru Miyamoto, o que resulta em sua iconografia ganhando vida por meio de uma explosão de cores bastante atraente na maior parte do tempo. Ademais, a direção de Aaron Horvath e Michael Jelenic adota uma linguagem que enriquece ainda mais essa trama dinâmica. A dupla usa e abusa de agilidade, com variedade nos movimentos de “câmera” e alguns enquadramentos que fazem com que o ponto de vista dos espectadores remeta ao da tela de um videogame que ganha vida em formato de animação.
Um ponto negativo talvez seja sua trilha sonora, de músicas extremamente batidas no cinema norte-americano, porém isso acaba sendo apenas um pequeno detalhe de um filme que cumpre o que se propõe com bastante sinceridade. Em suma, Super Mario Bros. O Filme talvez não seja a unanimidade necessária para os mais exigentes no que tange as adaptações de videogames para as telas. De toda forma, não deixa de ser um filme que apela por uma simplicidade lúdica e visuais chamativos visando agradar a todos os públicos em uma viagem abrangente por um dos universos mais icônicos da Cultura Pop.
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