“Eu sou um Jedi, assim como o meu pai antes de mim.“
Luke Skywalker (Mark Hamill)
Quando Star Wars: O Retorno de Jedi (mais tarde renomeado para Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi) chegou aos cinemas em maio de 1983, exatas quatro décadas atrás, as expectativas para esse que, hoje em dia, vem a ser o primeiro dos muitos encerramentos (ou três, para ser mais específico) da saga criada por George Lucas eram bastante altas. Sobretudo após a aclamação geral de O Império Contra-Ataca (1980), o seu antecessor, que até hoje é considerado pela maioria dos fãs o melhor filme de toda a franquia.
Naquela época, três anos haviam se passado desde que o filme dirigido por Irvin Kershner (que fora professor de George Lucas na faculdade de Cinema) virou de cabeça para baixo o rumo de Star Wars, deixando os fãs abismados com a revelação de que Darth Vader era pai de Luke Skywalker (Mark Hamill), com o mistério a respeito do futuro de Han Solo (Harrison Ford) e com os heróis que aprendemos a amar se vendo obrigados a buscarem uma árdua volta por cima.
Assim como todo encerramento de uma boa história, a missão de O Retorno de Jedi não era assim tão tranquila. Dito isso, há quem defenda que esse terceiro filme da trilogia que hoje é conhecida como “Trilogia Original” de Star Wars seja o mais fraco dessa primeira leva de filmes. Entretanto, qualquer um daqueles que possam ser considerados deslizes de O Retorno de Jedi enquanto filme em si, são compensados pela quantidade de “coração” que encontramos nele- e da lista dos possíveis deslizes, a tão questionada presença dos Ewoks deveria ser retirada, tendo em vista que, como dito pelo próprio George Lucas em inúmeras ocasiões, Star Wars sempre foi uma história para as crianças.
Seguindo a mesma lógica de O Império Contra-Ataca, George Lucas optou por não dirigir O Retorno de Jedi, ficando responsável apenas pela produção e pelo roteiro, escrito em parceria com Lawrence Kasdan (que também colaborara na função em O Império Contra-Ataca). Assim, após a recusa dos nomes de David Lynch e David Cronenberg (que abriram mão de assumir o filme para realizarem Duna, de 1984, e Videodrome, de 1983, respectivamente), o escolhido para o cargo foi Richard Marquand– britânico que antes havia dirigido a cinebiografia dos Beatles Birth of The Beatles (1979) e que, mais tarde, realizaria o thriller O Fio da Suspeita (1985), com Jeff Bridges e Glenn Cose.
Nas mãos de Marquand, O Retorno de Jedi ganha um clima mais leve e descontraído, o oposto do tom mais sombrio de Irvin Keshner em O Império Contra-Ataca. Entretanto, os maiores destaques do filme ficam a cargo do resultado alcançado pela produção em suas cenas de ação e nos seus momentos mais intimistas de diálogos entre os personagens- são incontáveis os momentos que fazem desse um filme e um final de trilogia memoráveis, desde toda a sua parcela inicial no palácio de “Jabba, o Hutt”, que culmina em uma empolgante sequência de fuga no chamado “Poço de Sarlacc”, e a épica batalha espacial contra a segunda “Estrela da Morte” em seu clímax (a mais vibrante da franquia até os dias de hoje), até a emotiva despedida entre Luke e Mestre Yoda, e o belo diálogo entre Luke e Leia em Endor, onde há a revelação da dupla se tratarem, na verdade, de irmãos gêmeos.
De toda forma, talvez nada seja melhor em O Retorno de Jedi do que o arco Luke Skywalker, Darth Vader e Imperador Palpatine (intepretado por um temível Ian McDiarmid). A história de um destemido jovem que acredita na bondade de seu pai, um dos vilões mais impiedosos de toda a cultura pop, até o último momento, se sujeitando a enfrentar sozinho os representantes do mau em pessoa por conta disso, é o que de mais comovente (e até inspirador) econtramos no filme- e impressiona como Marquand, aqui, sobretudo na parcela final do longa, consegue sempre enquadrar Darth Vader de forma com que o vilão pareça vulnerável em detrimento de amedrontador como nos filmes anteriores. Em paralelo, o trabalho do roteiro de Kasdan e Lucas, cujo os diálogos para Vader evoluem de um “É tarde demais para mim, filho” até um “Você já me salvou”, culmina na solidificação de um arco para o personagem que fez da sua redenção um dos mais belos cernes temáticos da franquia.
Em seu lançamento, Star Wars: O Retorno de Jedi, que durante o seu processo de produção chegou a ser chamado de “A Vingança de Jedi” (com Lucas optando por renomeá-lo pois vingança não faz parte da filosofia de um Jedi), foi sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$ 480 milhões globalmente. Depois daqui, por mais de uma década, o futuro de Star Wars foi cercado por mistério. Ao longo dos anos 80 e meados dos anos 90, foram inúmeras as histórias em quadrinhos, livros, jogos, séries animadas e até filmes derivados para a TV (como é o caso de Caravana da Coragem, de 1984, focado nos Ewoks) que solidificaram aquele que é conhecido como o “Universo Expandido” da franquia.
Foi somente em 1994 que George Lucas finalmente viria a anunciar, junto do relançamento da trilogia clássica em versões especiais remasterizadas, uma nova trilogia de filmes, dessa vez explorando as origens de Darth Vader (que teria início em 1999, com Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma). Mais tarde, com a venda da Lucasfilm para a Disney em 2012, O Retorno de Jedi deixaria de ser, então, um encerramento oficial para a saga. E por mais questionável que seja o destino dado para os nossos heróis na chamada “Trilogia Sequel“, composta pelos episódios VII, VIII e IX, o encerramento que presenciamos em O Retorno de Jedi sempre estará entre nós como uma lembrança do verdadeiro significado de uma despedida que emociona.
Afinal, é sempre prazeroso ser parte de toda aquela sequência final da celebração em Endor, onde os heróis reunidos, a boa música de John Williams e toda a poesia visual que sintetiza a magia de Star Wars, ainda é, mesmo quatro décadas depois, irresistível aos olhos de quem a testemunha.
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