50 Anos de Loucuras de Verão: O prestígio de George Lucas pré Star Wars.

50 Anos de Loucuras de Verão: O prestígio de George Lucas pré Star Wars.

“Não faz sentido sair de casa para procurar uma casa. Desistir de uma vida para encontrar uma nova. Abandonar amigos que você ama apenas para encontrar novos amigos.”

– Curt/Richard Dreyfuss

Dadas as dimensões tomadas por Star Wars, é natural que George Lucas esteja popularmente associado à franquia bilionária como se essa fosse a única das realizações relevantes (e reconhecidas pelo grande público) de sua trajetória de sucesso. Sendo assim, ofuscado em meio aos incontáveis produtos que surgiram após o sucesso do primeiro Star Wars (1977), está uma joia rara que, em uma era prgressa às histórias de uma galáxia muito distante, contaria com a direção de um jovem Lucas: Loucuras de Verão (1973), uma comédia dramática “coming of age” que completa 50 anos de lançamento em 2023.

Na época da realização do filme, George Lucas já havia escrito e dirigido THX 1138 (1971), o seu primeiro longa-metragem. Visto hoje em dia como um Clássico Cult, o filme, que é inspirado em um curta de seus tempos de faculdade e conta a história de um indivíduo buscando fugir de uma cidade distópica subterrânea (sem local e época definidos), não foi muito bem recebido pelo público da época. Assim, aconselhado por Francis Ford Coppola (seu mentor e produtor de Loucuras de Verão), para o seu próximo longa Lucas decidiria abordar algo mais “humano” e relacionável, optando por revisitar a sua própria juventude na pequena cidade de Modesto, na Califórnia.

Na trama de traços autobiográficos de Loucuras de Verão, acompanhamos a história de um grupo de jovens que estão prestes a ingressar na faculdade e a experimentar os desafios da vida adulta. Nesse contexto, no último dia das férias de verão de 1962, eles decidem se divertir com seus carros pelas ruas da cidade ao som do bom e velho rock ‘n’ roll. O resultado é uma noite agitada, em que diversos acontecimentos inusitados acontecem simultaneamente.

Pôster de Loucuras de Verão, no original American Graffiti.

Uma produção de orçamento considerado baixo para os padrões da época, as filmagens de Loucuras de Verão foram conturbadas. Além de incontáveis problemas com a equipe e elenco (que contava com futuros astros como Richard Dreyfuss, Ron Howard e Harrison Ford), Lucas, um sujeito introvertido, se descobriria um diretor com dificuldades em lidar com atores. Como resultado, a Universal deixaria o projeto engavetado por meses, em um período em que George Lucas começaria a moldar cada vez mais suas ideias para o seu próximo projeto: Star Wars.

Em agosto de 1973, após cogitar até mesmo lançar o filme diretamente na televisão, a Universal finalmente lançaria Loucuras de Verão nos cinemas, não demorando para que a fita fosse um sucesso. Uma das maiores bilheterias de 1973, o segundo longa-metragem de Lucas se tornou um dos mais lucrativos da história na época, além de ter sido indicado em cinco categorias do Oscar em 1974, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.

O motivo para o sucesso de Loucuras de Verão, dito isso, talvez esteja na forma como o filme, assim como inúmeros outros do período conhecido como “A Nova Hollywood”, conversava com o contexto político e social do período de sua realização. Ao relatar a história desses jovens do pós-guerra, de personalidades, inseguranças e individualidades como um todo bem definidas e de fácil identificação com as audiências, que enfrentam o chamado das responsabilidades da vida adulta e as inquietações de seus relacionamentos interpessoais, George Lucas trouxe um reflexo das tensões e de um certo ceticismo que rondava a sociedade americana dos anos 60 e 70- advindos de fatores como a guerra do vietnã, a contracultura, o caso de watergate, etc.

George Lucas nos bastidores de seu segundo longa-metragem.

E se Lucas muitas vezes é considerado um cineasta mediano no geral, é justo reconhecer seus méritos (e de toda a produção) em Loucuras de Verão. Além do deleitoso trabalho da direção de arte (os carros, o drive-in, etc.) e da trilha sonora regada a clássicos do Rock dos anos 50, que nos levam para o contexto da época, a parte visual do filme também reflete esses ares de incerteza. Com exceção das cenas finais, o longa se passa todo em sequências noturnas, e a fotografia, a partir disso, explora muito bem sombras projetadas nos personagens e nos ambientes enquanto eles relatam suas inquietações, fazendo de Loucuras de verão uma obra cujo clima não é dos mais alto astral ou alegre em sua encenação.

Quatro anos mais tarde, George Lucas, que, a partir daqui, era um dos cineastas mais prestigiados da hollywood dos anos 70, realizaria um filme que mudaria completamente a indústria. Entretanto, é interessante revisitar esse Lucas pré Star Wars. Antes da Força e dos Jedi, houve Loucuras de Verão, uma realização ímpar que, ao retratar um contexto específico, se torna uma história sobre a incessante busca juvenil por status e reconhecimento. Sobre enfrentar, acima de tudo, as eternas incertezas do amanhã.

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