Quando falamos sobre grandes realizações do cinema de super-heróis, há algo que parece comum a todas elas: uma identidade cinematográfica inconfundível. Do Superman de Richard Donner, passando pelo Batman de Tim Burton e chegando até as trilogias do Homem-Aranha de Sam Raimi e do Batman de Christopher Nolan, todas essas são obras com um charme próprio e que transparecem certo estilo das mentes criativas que as desenvolveram.
Dito isso, talvez o maior problema de Besouro Azul, nova realização da DC Comics que chega aos cinemas após o fracasso comercial de The Flash, esteja no fato do filme fraquejar em estabelecer uma identidade própria para esse personagem- algo que, convenhamos, soa imprescindível pelo fato desse ser um personagem até então desconhecido para o grande público.
Sustentando pela bandeira da representatividade da cultura latino-americana (e para os espectadores brasileiros mais especificamente, pela presença da atriz Bruna Marquezine), há um grande acerto em Besouro Azul: um núcleo familiar que exala carisma e humanidade.
A lógica é a do contraste de uma cidade segregada entre uma realidade extremamente tecnológica e sem alma, cujo cerne é a chamada Corporação Kord, e por outra mais tangível, de um ambiente familiar envolto justamente por essa representatividade específica, que tem seu coração na família do protagonista, Jaime Reyes, interpretado por Xolo Maridueña.
O design de produção e a trilha sonora, nesse quesito, são certeiros nessa oposição. Enquanto o mundo tecnológico é todo composto por imensos arranha-céus de tons metálicos e azuis frios, as sequências da família Reyes, por sua vez, são aconchegantes e de ritmo ditado por acordes típicos de músicas latino-americanas.
Dito isso, se a partir desse contraste e do entrosamente e química de seu elenco, o rsultado é um filme de humor afiado em suas referências culturais e piadas de cunho político-social crítico, Besouro Azul é, por outro lado, um filme pouco inspirado na forma como lida diretamente com o seu personagem título.
Aqui, temos um longa que se rende aos mais conhecidos e manjados clichês dos filmes de super-heróis. O romance entre a personagem de Marquezine e o de Maridueña cujo beijo é subitamente interrompido por outro personagem para criar humor; a vilã (Susan Sarandon) estereótipo do empresário cruel e sem empatia; a morte de determinado personagem importante para o herói cujo impacto é mínimo para a audiência; e um desfile de frases de efeito e discursos motivacionais programados sem qualquer sutileza, são alguns dos maiores exemplos disso.
A fotografia aposta em luzes azuis, roxas e avermelhadas, mas que sozinhas não conseguem estabelecer uma personalidade própria para esse universo. Indo além, sem transparecer o mesmo brilho de ambos, os dramas do herói parecem saídos diretamente do Homem-Aranha de Sam Raimi, enquanto a linguagem adotada pelo diretor Angel Manuel Soto para as sequências de ação soa como uma emulação do Homem de Ferro de Jon Favreau– da piada com o personagem buscando compreender como seus poderes funcionam (que remete diretamente a icônica sequência em que Peter Parker descobre a lógica por trás de suas teias orgânicas em Homem-Aranha), até os closes em seu rosto confinado em sua armadura e envolto por comandos e informações (idênticos aos de Tony Stark nos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel).
Assim, é inegável que a dinâmica familiar é o entretenimento eficaz de Besouro Azul. Entretanto, apesar de suas boas intenções ao prezar por certa simplicidade, é desapontador que o resultado final do todo careça de um virtuosimso que outrora fez de Homem de Ferro, Superman, Batman e tantos outros em fenômenos queridos mundialmente para além dos aficionados por histórias em quadrinhos.
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