Conexões inexplicáveis entre indvíduos. Destino. Encontros e desencontros. São esses os temas que Celine Song aborda no romance “Vidas Passadas” ao contar a história dos amigos de infância Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), que após se separarem ainda quando crianças (no auge de um forte vínculo que nutriam um pelo outro), se reencontram vinte anos mais tarde na cidade de Nova York.
Exibido nos Festivais de Berlim e Sundance de 2023 (e agora parte da seleção internacional do Festival de Cinema do Rio), “Vidas Passadas” marca uma estreia com o pé direito da sul-coreana-canadense à frente de um longa-metragem. Com uma direção de muito bom gosto, que em certos momentos remete em sensibilidade a Wong Kar-Wai e Hong Sang-Soo, a cineasta alterna entre o aconchego de uma amizade intensa entre duas crianças e a melancolia de aspectos da vida adulta para estabelecer suas personalidades e a relação entre o casal de protagonistas.
O momento da separação inevitável de Nora e Hae Sung no início da projeção (que em suas versões infantis seguem por caminhos diferentes nas escadarias da vizinhança), e, mais tarde, o segmento de uma conversa da dupla em Nova York (em que as cores frias acompanhadas das luzes de um carrossel ao fundo são predominantes), exemplificam alguns dos planos fixos caprichados que sustentam essa construção. Indo além, a câmera de Song nunca deixa de passear pelas locações e de capturar detalhes das paisagens e dos ambientes, com a montagem alternado com as reações dos personagens à elas como na cena em que Hae Sung, em um momento de solidão, repara na relação de um casal no vagão de um metrô.
E se essa é uma história sobre conexões de outras vidas, é justo exaltar o trabalho de Greta Lee e Teo Yoo. O reencontro de Nora e Hae Sung presencialmente, duas décadas mais tarde, faz parecer que eles jamais estiveram separados, com a química da dupla sendo fundamental para que tal sentimento fique latente, com detalhes singelos do comportamento de um perante ao outro, como um olhar, uma risada ou um gesto, sendo fundamentais para tal.
A exemplo de Casablanca (1943), em que o icônico casal formado por Ingrid Bergman e Humphrey Bogart ganham um desfecho para sua história que almeja a fuga de um clichê, “Vidas Passadas” coroa sua reflexão com uma bela conclusão. Se Nora e Hae Sung se separaram quando crianças, os diferentes objetivos e escolhas de vida os levam para o mesmo caminho em suas versões adultas. E apesar desses encontros e desencontros que soam inevitáveis, de um jeito ou de outro, eles sempre estarão juntos. Afinal, a conexão é eterna. De Vidas Passadas. E distância nenhuma é capaz de arrancar isso deles.
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