Produzir conteúdo para o público juvenil, de fato, não é tarefa fácil, mas Sintonia mostrou que é possível equilibrar autenticidade e apelo comercial sem cair na mesmice. A série, que acompanhou a trajetória de Doni (Jottapê), Nando (Christian Malheiros) e Rita (Bruna Mascarenhas) ao longo de cinco temporadas, conseguiu se manter relevante e cativante ao explorar a interseção entre música, crime e religião na periferia de São Paulo.
O grande mérito de Sintonia foi a capacidade de costurar essas três temáticas de forma orgânica, sem forçar o enredo ou tratar seus personagens como arquétipos vazios. Ao contrário de muitas produções que tentam capturar a realidade das favelas, mas acabam caindo em estereótipos rasos, a série sempre buscou nuance. Doni, o sonhador da música, Nando, o ambicioso do crime, e Rita, que encontrou refúgio na fé, representam trajetórias possíveis, mas sem determinismo: cada um constrói seu próprio caminho, e a série respeita essas jornadas com complexidade e humanidade.
O desfecho da produção é um dos seus pontos altos. Em vez de tentar um final grandioso e fantasioso, como muitas obras que perdem o pé da realidade no encerramento, Sintonia entregou um desfecho coerente com seus personagens e suas escolhas. Rita, bem-sucedida no direito, Doni, assumindo a responsabilidade de pai e empresário, e Nando, pagando pelos seus atos mas sem abandonar sua essência, são resoluções que fazem sentido e respeitam a narrativa construída ao longo dos anos.
Além do roteiro bem amarrado, a série soube usar seu orçamento de maneira inteligente, sem tentar parecer maior do que era. O compromisso com a realidade se reflete não apenas na trama, mas também na forma como os dilemas dos personagens são apresentados, sem exageros ou tentativas de glamourização da violência ou do sofrimento.
Sintonia se despede deixando um legado significativo para as produções nacionais. Com uma abordagem envolvente e respeitosa da realidade periférica, mostrou que é possível contar histórias impactantes sem recorrer a fórmulas fáceis. Ao saber quando e como encerrar sua trajetória, a série reafirma seu lugar como um marco da dramaturgia brasileira voltada para o público jovem.
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