Desde o lançamento de Homem de Ferro em 2008, a Marvel Studios se consolidou como o maior fenômeno cinematográfico do século. Porém, passados mais de 15 anos desde aquele primeiro voo de Tony Stark, o estúdio parece estar enfrentando seu momento mais instável — e os sinais estão por toda parte.
A situação mais recente envolve Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, uma das grandes apostas da Marvel para sua nova fase. Mesmo com personagens icônicos e grande expectativa dos fãs, o filme tem sofrido quedas significativas de bilheteria, acendendo o alerta vermelho dentro da empresa.
Segundo reportagem publicada pelo site TheWrap, boa parte dessa crise está enraizada no modelo adotado com a chegada do Disney+. A estratégia de inundar o mercado com quantidade em detrimento da qualidade estaria cobrando um preço alto. “Dada a qualidade do conteúdo da Marvel no Disney+, que tem sido incrivelmente medíocre, isso arrastou toda a marca para baixo e diluiu sua criatividade. As pessoas simplesmente não se importam mais”, afirmou um executivo de marketing à publicação.
Essa visão é compartilhada por Dave Gonzales, coautor do livro MCU: The Reign of Marvel Studios. Para ele, o excesso de produções em pouco tempo causou uma erosão na identidade da marca:
“A Marvel reinventou o jeito de fazer filmes de franquia, mas achou que podia fazer o mesmo com televisão — e não pode. Eles acham que são mais ágeis do que realmente são.”
Exemplo disso é o alto investimento em séries como WandaVision, que teve orçamento comparável ao de grandes blockbusters, mas nem sempre entregou o retorno desejado. A fragmentação do público e o cansaço de acompanhar dezenas de histórias conectadas podem ter afastado até os fãs mais fiéis.
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Até mesmo Kevin Feige, presidente da Marvel Studios e principal responsável pelo sucesso do estúdio, reconheceu que houve uma queda na qualidade. Ele comparou os dois momentos do estúdio:
“Produzimos 50 horas de histórias entre 2007 e 2019. Mas, depois de Ultimato, fizemos mais de 100 horas de histórias em metade do tempo. Isso é muito.”
Apesar disso, Feige defende que a Marvel entrou em uma fase de experimentação criativa, lançando projetos ousados como Eternos e Shang-Chi. Para ele, o maior erro talvez tenha sido a forma como essa nova fase foi apresentada:
“O que também acabamos fazendo foi focar nesses conteúdos porque a Disney+ estava em expansão e acho que foi essa expansão que deve ter feito as pessoas dizerem: ‘Antes era divertido, mas agora eu tenho que saber sobre tudo isso?’”
Com uma agenda ainda cheia de estreias para os próximos anos, o desafio agora é reconquistar o público, equilibrando inovação e qualidade. A Marvel já provou ser capaz de se reinventar — mas, para isso, talvez precise desacelerar e lembrar o que a tornou tão especial em primeiro lugar.
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