Pelé, o Rei do Futebol, hoje completa 80 anos de idade. Não é necessário ser o maior dos conhecedores do mundo do futebol para saber de quem se trata Edson Arantes do Nascimento, tendo em vista o ícone mundial que ele se tornou. Dentre suas conquistas no esporte o qual ele carrega o título de majestade estão três Copas do Mundo com a Seleção Brasileira e diversos títulos significantes com o Santos Futebol Clube, além de inúmeros recordes e prêmios pessoais, como a marca histórica de mais de mil gols na carreira e ser considerado um dos melhores jogadores do século pela FIFA.
Além disso, o que muitos podem não saber é que Pelé, como o ícone cultural que se tornou, se arriscou em uma carreira artística após suas conquistas futebolísticas. Em 1969, ele chegou a gravar com a cantora Elis Regina. Já no ano de 1979, estrelou e escreveu o roteiro do filme Os Trombadinhas, dirigido por Anselmo Duarte.
Entretanto, foi em 1981 que Pelé estrelou aquele que talvez seja o seu mais relevante trabalho no mundo do Cinema: o muitas vezes esquecido longa-metragem Fuga para a Vitória.
Naquela época, o grande destaque do filme foi o seu elenco de peso, que incluia nomes como os de Michael Caine, o Alfred da trilogia Batman do diretor Christopher Nolan e duas vezes vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelos filmes Hannah e suas Irmãs e Regras da Vida; Max Von Sydow, um grande colaborador do lendário diretor sueco Ingmar Bergman e o Corvo de Três Olhos em Game of Thrones, e Sylvester Stallone, na época um astro em ascensão por seu papel como Rocky em Rocky: Um Lutador (1976) e que no ano seguinte ainda viria estrelar Rambo: Programado para Matar (1982), o primeiro longa da franquia Rambo.
Além disso, promovendo uma reunião de craques, e, definitivamente, alguns dos encontros mais inusitados que o cinema poderia nos proporcionar, Fuga Para Vitória contou também com participações de outros gramdes nomes do Futebol mundial além de Pelé. Entre eles, o lendário Zagueiro inglês Booby Moore, o Meio-Campista argentino Osvaldo Ardiles e o atacante polonês Kazimierz Deyna.
O filme (que trata-se, na verdade, de um remake de um outro longa húngaro de 1961 chamado The Last Goal), é baseado na história real de um histórico evento que ficaria conhecido como A Partida da Morte– um jogo de futebol realizado em 1942 na cidade de Kiev, em plena ocupação da Ucrânia pela Alemanha de Hitler, entre um time de prisioneiros de guerra soviéticos (a maioria deles ex-jogadores do Dínamo de Kiev) e soldados nazistas. Na ocasião, os soviéticos venceram os nazistas por 5 a 3, resultando, pouco tempo depois, na prisão e tortura de todos os integrantes do time pela Gestapo.
Dito isso, a trama de Fuga para a Vitória é até simples: durante a Segunda Guerra Mundial, em um campo de prisioneiros na Alemanha, um major, que é ex-jogador de futebol da Seleção Alemã, tem a ideia de fazer um jogo entre a Alemanha Nazista e um time formado por prisioneiros aliados. Os prisioneros, por sua vez, são liderados por um militar inglês que também foi um grande jogador de futebol no passado. Enquanto os Nazistas planejam vencer o jogo a qualquer custo, com o intuito de utilizá-lo como propaganda política, os jogadores aliados planejam uma elaborada fuga durante o intervalo da partida, sem levar em consideração, em um primeiro momento, que a verdadeira vitória pode vir dentro do campo.
Além de um grande elenco, o filme também contou com um grande diretor: o norte-americano John Huston, cineasta e ator que vinha de quatro décadas de um currículo recheado de grandes realizações, como os clássicos O Tesouro de Sierra Madre (1948), Uma Aventura na África (1951), Moby Dick (1956) e Os Desajustados (1961)- valendo ressaltar também que, como ator, Huston se destacou em Chinatown (1974), de Roman Polanski, onde contracenou com Jack Nicholson.
Apesar de não ser reconhecido como uma obra-prima do Cinema, Fuga Para a Vitória ainda é, de qualquer forma, uma divertida e até emocionante história. A interação entre o seu elenco gera momentos hilários, que causam boas gargalhadas, e o clímax do filme, apesar de um pouco improvável dadas as circunstâncias, ainda traz certo impacto por sua mensagem. Em suma, esse pode até não ser o melhor filme de nossas vidas, mas, inegavelmente, é relevante para os admiradores dos nomes aqui envolvidos e para os fãs do mais popular esporte do mundo, que, como dito, tem seu maior nome celebrando oito décadas de vida no dia de hoje.
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