A origem das comédias românticas no cinema!

A origem das comédias românticas no cinema!

Outro dia preparando o “tbt” no Instagram do MARATONANDO POP (quadro onde abordamos filmes antigos) sobre os 30 anos de Uma Linda Mulher (1990), surgiu a inspiração de vir aqui e falar mais sobre comédias românticas, esse gênero tão querido pelo público que gerou filmes e momentos icônicos que marcaram a sétima arte e a vida de muita gente. Dito isso, hoje contamos para vocês a Origem da Comédia Romântica no Cinema!

Antes de tudo, porém, para compreender a origem desse gênero no cinema, é preciso entender primeiro que, na verdade, como seu nome indica, a comédia romântica trata-se de um subgênero da comédia e do romance, onde elementos dos dois se misturam para formá-lo. A partir disso, o subgênero data-se muito anteriormente ao surgimento do cinema, sendo William Shakespeare e suas peças de teatro do século XVI, como Um Sonho em uma Noite de Verão, um dos pais da comédia romântica. Uma personalidade muito influente para a comédia como um todo, Shakespeare moldou a estrutura básica das comédias românticas em algumas de suas obras: Dois indivíduos se conhecem, desenvolvem uma relação, acabam tendo um conflito no meio do caminho e ao final se reúnem para viverem felizes para sempre.

Mas e no cinema? Como surgiu a Comédia Romântica?

Primórdios

Apesar de ser difícil definir com exatidão, a origem das comédias românticas no cinema estaria diretamente ligada a origem da comédia em si na sétima arte, tendo em vista que foram os pioneiros da comédia que, ao misturarem elementos de romance em suas obras, teriam então dado o pontapé inicial desse subgênero. Sendo assim, a comédia romântica teria nascido nos anos 20 entre os quatro grandes nomes da comédia americana nessa época: Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd e Harry Langdon.

Buster Keaton, por exemplo, lançou no ano de 1924 Sherlock Jr, onde um projetista e faxineiro de cinema (Buster Keaton), que sonha em ser um detetive, se apaixona por uma jovem (Kathryn McGuire).

Harold Lloyd foi responsável, também em 1924, por O Maricas, esse contando a história de um aprendiz de alfaiate tímido com mulheres (Harold Lloyd) que decide escrever um manual chamado “O Segredo de Fazer Amor”.

Apesar disso, aquela que talvez seja considerada a primeira grande comédia romântica de destaque do cinema, e para muitos a maior de todos os tempos até hoje, é Luzes da Cidade (cuja icônica imagem foi escolhida para ilustrar a capa desse artigo), uma das maiores obras-primas do mestre Charles Chaplin, que a dirigiu, produziu, escreveu o roteiro, atuou e compôs a trilha sonora. Na trama, o vagabundo de bom coração (personagem icônico de Chaplin na era do cinema mudo) se interessa por uma bela florista cega (Virginia Cherrill). Decidido a ajudá-la a pagar o aluguel atrasado e a restaurar a visão, ele decide se arriscar nas mais inesperadas situações em busca de dinheiro. Por sua vez, a jovem acredita que seu benfeitor seja um homem muito rico, para em um emocionante final (um dos mais tocantes do cinema) acabar descobrindo a verdade.

Luzes da Cidade foi um marco na história da sétima arte, um dos últimos grandes filmes mudos e uma das maiores comédias no geral de todos os tempos.

Expansão como Gênero

Com o advento do cinema falado, as comédias, incluindo as românticas, assim como todos os outros gêneros do cinema, passaram por mudanças estruturais significativas para se adaptar a essa nova era. Dito isso, nos anos 30 em diante as comédias românticas, agora faladas, podiam explorar novas formas de serem feitas, e para muitos, agora que se tinham os diálogos, o verdadeiro espírito desse subgênero poderia ser explorado.

Dito isso, um grande destaque dos anos 30 foi Aconteceu Naquela Noite (1934), uma obra-prima do lendário diretor Frank Capra, onde acompanhamos a história de uma jovem (Claudette Colbert), filha de um milionário, que foge de casa quando seu pai não permite que ela se case com seu pretendente. No meio da fuga, ela encontra e se apaixona por um charmoso jornalista em busca de uma história (interpretado pelo galante Clark Gable, um dos maiores astros da Hollywood Clássica). O longa foi o primeiro (e até hoje um dos únicos) da história a vencer as cinco principais categorias do Oscar (o Big Five): Melhor filme, diretor, ator, atriz e roteiro.

Gable e Colbert em Aconteceu Naquela Noite.

A partir daqui, década após década, foram exemplares e mais exemplares de histórias de humor e romance de sucesso. Em 1938, Levada de Breca, com os astros Katherine Hepburn e Cary Grant, sobre um paleontólogo em busca de uma doação de 1 milhão de dólares que, ao conhecer uma mulher rica, tem sua vida pacata transformada em uma sucessão de situações hilárias, foi um grande destaque.

Hepburn e Grant em Levada da Breca.

Já no ano de 1940, a dupla Hepburn e Grant retorna em Núpcias do Escândalo, sobre uma mulher que ao celebrar um novo casamento recebe a visita de seu ex-marido para estragar a festa.

Nos anos 50 e 60, foi a vez de Audrey Hepburn encantar as plateias com todo seu charme e beleza em filmes como Sabrina (1954), onde ela tem seu coração disputado por dois irmãos de personalidades opostas (os sensacionais Humphrey Bogart e William Holden), e Bonequinha de Luxo (1961), em que ela vive Holly Golightly, uma garota de programa em busca de um casamento com um milionário.

Nenhuma outra definição possível a não ser ícone.

Em 1967, A Primeira Noite de um Homem, com Dustin Hoffman e Anne Bancroft, estreia sendo um dos anunciantes de uma nova era para o cinema de Hollywood, ao contar a história de Benjamin Braddock, um jovem indeciso quanto ao seu futuro que acaba sendo seduzido pela Sra. Robinson, uma amiga dos seus pais e mãe do seu interesse amoroso.

O icônico pôster de A Primeira Noite de um Homem. O filme de Mike Nichols foi um dos precursores de Nova Hollywood dos anos 70, onde temas mais ousados podiam ser abordados.

Nos anos 70, foi a vez do polêmico diretor, ator e roteirista Woody Allen nos apresentar suas comédias românticas sempre com críticas sociais e abordando assuntos como relacionamentos conflituosos, sexo, amo e bloqueios criativos em filmes como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) e Manhattan (1979).

Diane Keaton e Woody Allen em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa.

Nos anos 90, ocorreu a ascensão de um dos maiores nomes do gênero das últimas décadas: Julia Roberts. Com seu carisma inconfundível, a atriz fez seu nome em comédias românticas como Uma Linda Mulher (1990), onde com Richard Gere ela interpreta uma prostitua que se apaixona por um milionário e vice versa, e Um Lugar Chamado Notting Hill, em que ela é uma atriz bem sucedida que se envolve com um simples dono de uma livraria de uma pequena cidade (Hugh Grant).

Um dos maiores casais das comédias românticas.

Legado

Hoje em dia, as comédias românticas podem ter perdido um pouco de fôlego após uma quantidade imensa de produções nos anos 90 e primeira década de 2000. Porém, é fato que, apesar de perderem espaço para produções como filmes de herói, que agora são o que enchem os olhos de estúdios e lotam salas de cinema ao redor do mundo, o subgênero ainda assim conta com algumas produções de destaque, como Doentes de Amor, de 2017, e Casal Improvável, de 2019.

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