Crítica: Mulher Maravilha 1984 é o filme que 2020 precisava!

Crítica: Mulher Maravilha 1984 é o filme que 2020 precisava!

2020 foi um ano difícil para muita gente. Entre uma pandemia, muitas perdas e notícias ruins como um todo, o cinema foi também um dos mais afetados por esse fatídico primeiro ano da nova década. Afinal, se teve algo que foi recorrente ao longo dele foram os adiamentos de lançamentos de novos filmes em salas de cinema ao redor do mundo. Pois bem, entre os mais afetados por esses atrasos (foram tantas vezes que eu já até perdi as contas), está Mulher Maravilha 1984, o segundo filme da heroína da DC Comics vivida por Gal Gadot, que finalmente estreou nos cinemas essa semana. Dito isso, é com uma imensa satisfação que afirmo: Mulher Maravilha 1984 é o filme que 2020 precisava e que bom que ele finalmente está entre nós!

Na trama do longa, acompanhamos Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot) de volta e agora tendo que se acostumar com a vida em 1984, durante os últimos anos da Guerra Fria. Nesse contexto, por conta de um objeto misterioso, surgem dois vilões para desafiar a heroína e a segurança da ordem mundial, o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e Barbara Minerva/Mulher Leopardo (Kristen Wiig), além do seu interesse amoroso, Steve Trevor (Chris Pine).

Em primeiro lugar, Mulher Maravilha 1984 é a DC Comics/Warner dando seguimento a um novo tom para seus filmes depois das recepções mistas das obras focadas nesses heróis, como Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, ambos de 2016. Assim, um acerto do filme foi a escolha da ambientação nos anos 80, que consequentemente permite que o longa possua uma “pegada oitentista”, algo que vem se tornando muito popular nos últimos anos e que aqui mais uma vez funciona bem como plano de fundo, seja para criar momentos divertidos ou boas cenas de ação comandadas pela diretora Patty Jenkins, que está de volta ao cargo para essa continuação.

Além disso, um dos maiores acertos do filme são os seus vilões. Pedro Pascal está incrível como Maxwell Lord, o empresário do mercado do petróleo que anseia por poder e respeito. Junto dele, Kristen Wig também não decepciona como Barbara, uma cientista de bom coração que deseja ser notada por todos a sua volta. Para evitar risco de spoiler, evitarei entrar a fundo nas motivações de cada um deles. Porém, o que não pode deixar de ser dito é como elas são de fácil identificação para com o público, sendo bem desenvolvidas em um nível que havia tempo um filme da DC não entregava.

E por falar em bom desenvolvimento, a trama de Mulher Maravilha 1984 brilha nesse quesito. Os vilões, como já dito, possuem motivações bem exploradas, assim como é o caso de todos os relacionamentos do filme. Na verdade, o longa não tem pressa em chegar a ação, tomando sem medo quase toda uma primeira hora (durante essa parte do filme são somente duas cenas de ação, logo no começo) para estabelecer quem são os seus personagens, as motivações e relações entre eles, assim como trabalhar bem o artefato cujo toda a trama se desenvolve em volta.

Por outro lado, um deslize do filme foi justamente o momento em que a projeção atinge a sua metade. Depois do já citado plano de fundo bem estabelecido, se faz necessário fazer a conexão entre esse e as suas consequências, chegando até a situação problema que culminará na ação, e, consequentemente, no clímax. Sendo assim, algumas decisões tomadas pelo roteiro nesse ponto soam clichês e um pouco forçadas, assim como toda uma sequência específica que aparentava fazer o filme sair de controle, que poderia ter sido removida sem fazer muita diferença. Apesar disso, o ato final do filme é tão bem construído, com uma conclusão regada de esperança, e de uma mensagem importante sobre verdade, mentiras e desejos, que esses pontos acabam sendo relevados no final.

As cenas de ação são outro ponto positivo do longa. São cerca de quatro grandes cenas de ação, com destaque para as duas primeiras, que são logo a abertura do filme- principalmente a primeira; um flashback sensacional que depois se conecta tematicamente com a conclusão do arco da Mulher Maravilha. Apesar de mais para o final em algumas sequências o CGI deixar a desejar um pouco, isso não se torna um grande impasse. Definitivamente a ação do filme foi pouca, de forma geral, porém empolgante, com referências e acontecimentos que aquecem o coração dos fãs e do público em geral.

É impossível não dedicar também um parágrafo para Gal Gadot. Cada vez mais a vontade no papel, a atriz vem reivindicando e tomando a figura de Diana Prince/Mulher Maravilha para si sem receios, com um carisma e presença de tela incríveis, que passam para o público a imagem de heroína inspiradora que a personagem criada por William Moulton Marston é. Falando nela, outro ponto muito bem trabalhado pelo filme foi a ideia de apresentar também um tipo de fraqueza para a personagem. Em meio a tantas polêmicas a respeito de representações femininas perfeitas e sem defeitos nos últimos anos, foi interessante o filme apresentar esse conceito, que aqui é representado por um personagem específico e sua relação com Diana.

Sendo assim, Mulher Maravilha 1984 é um digno retorno dos heróis para a telona, assim como é um filme que o cinema como um todo precisava em um ano como 2020. Por coincidência, ou não, esse ano difícil ganhou em seu final um longa onde heroínas, e até mesmo vilões, mais humanizados protagonizam uma história com uma mensagem forte e um clima final de esperança. Que a nossa querida guerreira amazona tenha vindo para realmente anunciar melhores tempos para nós.

Nota: 8,5

Mulher Maravilha 1984 (2020)

Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Patty Jenkins e Dave Callaham / Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal


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