Aquecimento Snyder Cut: O Homem de Aço apresentou nova visão para o Superman, mas sofreu com exageros do diretor!

Aquecimento Snyder Cut: O Homem de Aço apresentou nova visão para o Superman, mas sofreu com exageros do diretor!

A dois dias do tão aguardado corte do filme da Liga da Justiça de Zack Snyder, apelidado pelos fãs simplesmente de Snyder Cut, decidi por rever e analisar O Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), os dois filmes anteriores do universo compartilhado da DC nos cinemas e que também foram comandados pelo diretor. Sinceramente, sempre considerei essa ideia de Snyder Cut algo um tanto quanto desnecessário, tendo em vista que a Warner (estúdio que comanda as adaptações dos heróis da DC) já vem de uns anos propondo uma mudança de tom em seus filmes, cada vez mais se distanciando da “visão sombria” de Snyder, e tratando a proposta do diretor como página virada (para provar isso, seria só olharmos para filmes como Aquaman e Mulher-Maravilha 1984).

Apesar disso, é inevitável a curiosidade que bate em saber o que Snyder programava originalmente para o filme da Liga da Justiça, tendo em vista que, por conta de um acidente familiar (sua filha que cometeu suicídio), o diretor abandonou o projeto na pós-produção, que por sua vez foi assumido por Joss Whedon, diretor de Os Vingadores (2012), e o resultado final foi um fracasso completo, tanto de crítica, quanto de bilheteria. Um filme “Frankenstein” e completamente recortado, onde era nítido o embate da visão de dois diretores diferentes, que não se encaixam uma com a outra (nem de longe!) e que faz com que surja, sim, uma curiosidade para ver o que Snyder tem a mostrar em absurdas QUATRO HORAS de duração que seu corte do filme terá.

Porém, o Snyder Cut em si é assunto para mais tarde. Vamos ao que foi proposto no início desse texto: Uma análise dos dois filmes anteriores da DC Comics capitaneados pelo diretor. Começaremos por O Homem de Aço, o primeiro deles e que trouxe o Superman de volta as telas depois de Superman: O Retorno (2006), marcando o início dos planos da Warner em criar algo semelhante com que a Marvel vinha fazendo desde 2008: Um universo compartilhado de seus heróis nas telas.

A missão de Snyder e do roteirista David S. Goyer não era tão fácil assim. Superman vinha sumido das telas desde o fracasso do já citado filme anterior do herói, Superman: O Retorno, com Brandon Routh no papel do herói. Lançado em 2006, a proposta desse filme, comandado por Bryan Singer (Diretor de X-Men: O Filme), era a de homenagear os filmes dos anos 80, estrelados por Christopher Reeve e dirigidos por Richard Donner. Funcionando também como uma espécie de continuação, Superman: O Retorno se esforça tanto em ser um filme de Reeve e Donner que chega até a ser estranho (até mesmo momentos e diálogos icônicos são repetidos na cara dura). Dito isso, Snyder e Goyer com O Homem de Aço queriam propor mudanças. Recontar a origem do herói inovando, tratando as propostas de Richard Donner como passado e trazendo uma outra leitura para o herói, até então, um tanto quanto inédita. Mais realista, mais sombria e sem a cueca por cima da calça.

O Homem de Aço começa espetacular, toda sequência em Krypton antes do planeta ser destruído é incrível, com destaque para todos os visuais. É realmente interessante o novo retrato do planeta natal de Kal-El que vemos em tela. Depois disso, a partir do momento em que já nos encontramos acompanhando Kal-El na terra (agora Clark Kent), o mais interessante é vermos a relação dele e seus pais adotivos. Com um roteiro que funciona a base de flashbacks, o que nos é apresentado é um Clark Kent em dúvida sobre seu propósito na terra, em busca de uma razão para estar aqui e da verdade sobre si mesmo, que seu pai adotivo (vivido muito bem por Kevin Costner) nunca foi capaz de lhe revelar, deixando a missão para o que sobrou do pai verdadeiro do herói (interpretado também muito bem por Russel Crowe). É agradável notar aqui a função dos pais adotivos, que como pessoas simples e boas, foram essenciais para Clark se tornar quem ele é, ensinando-o como controlar seus poderes, que ele possui um propósito e que ele precisa buscá-lo. Algo como sem Clark Kent não haveria Superman, já que foi, de certa forma, a educação que ele recebeu desse casal que o transformou em um bom homem, ao invés de alguém que poderia utilizar seus poderes de forma maquiavélica.

Depois disso, a sequência do primeiro voo do herói, que agora já descobriu suas verdadeiras origens e já criou uma certa consciência do tal propósito, é um espetáculo a parte, com a trilha de Hans Zimmer funcionando perfeitamente (sim, o tema clássico de John Williams é insubstituível, mas Zimmer também fez um trabalho louvável) e os visuais de Snyder (ele sabe como fazer filmes visualmente ricos, isso é inegável) transformando essa na melhor cena do filme. Porém, o grande problema de O Homem de Aço é que, depois dessa parte, Zack Snyder, e o filme como um todo, acabam se perdendo gradualmente na sua própria proposta. A história passa a se tornar um pouco cansativa, temos um excesso de Lois Lane (vivida pela excelente Amy Adams) em troca de um maior desenvolvimento do heroísmo do Superman por meio de suas ações (ele precisa salvar um gatinho na árvore!) e o roteiro em forma de flashbacks, diferente de como foi em Batman Begins, cujo texto também é assinado por Goyer, parece cansar junto.

Apesar disso, o grande problema de O Homem de Aço não mora completamente no que foi citado anteriormente. Como foi dito, a piora acontece de forma gradual, e, é na terceira e última parte do filme em que Zack Snyder se perde completamente na sua própria mania de grandeza, com o longa se tornando uma batalha megalomaníaca cansativa e que ainda causa toda a polêmica em relação a representação do heroísmo do Superman, quase que jogando fora a primeira hora de filme onde ele buscava entender o seu propósito. O herói enfrenta o vilão General Zod (Em boa atuação de Michael Shannon) e seus aliados, que buscam por reconstruir Krypton na terra, promovendo destruição completa por onde passa e agindo de forma muito discutível para vencer o vilão (pelo menos ele sentiu o peso do que fez). Há quem consiga justificar 100% e é interessante como essa questão da destruição catastrófica foi trabalhada posteriormente em Batman vs. Superman, mas é inegavelmente polêmico de qualquer forma.

No final das contas, O Homem de Aço até que é um bom filme. Henry Cavill, apesar de não ser um ator brilhante, se provou de forma geral um bom Superman, muito superior a versão sem carisma de Routh. Temos também um bom elenco, boa trilha sonora, bons visuais e efeitos especiais e algumas boas decisões de roteiro, mas que acabam se perdendo quase que completamente em certo ponto. Em suma, é um trabalho de Snyder onde ele mostra todo o seu potencial para criar filmes visualmente incríveis, mas que acabam se prejudicando nas suas próprias manias de grandeza e devoções visuais e narrativas.

Nota: 6,8

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