45 anos de Star Wars: A história por trás da criação da saga por George Lucas!

45 anos de Star Wars: A história por trás da criação da saga por George Lucas!

Star Wars completa 45 anos hoje. Por isso, decidimos relembrar a trajetória da saga ao sucesso!

“Eu acho a sua falta de fé pertubadora”.

-Darth Vader/George Lucas

Em 2022, completam-se 45 anos desde que Star Wars chegou aos cinemas pela primeira vez. Idealizada pelo cineasta norte-americano George Lucas, a franquia se estabeleceu como um dos maiores fenômenos culturais que o mundo já viu, rendendo bilhões e mais bilhões de dólares em bilheteria e merchandising- bonecos, camisetas, jogos, livros, quadrinhos e produtos derivados como um todo ao longo dessas mais de quatro décadas. Apesar disso, em 1977, quando “Star Wars”, ou “Guerra nas Estrelas”, como era chamado no Brasil (mais tarde renomeado para “Star Wars: Episódio IV: Uma Nova Esperança“), foi lançado em somente cerca de 30 cinemas ao longo de todo o território americano, nem o mais otimista dos indivíduos acreditava na dimensão que uma simples história sobre o bem contra o mal tomaria. Incluindo o seu próprio idealizador.

A história por trás da saga começa ainda no início dos anos 70. Naquela época, George Lucas, cineasta recém-formado, ainda moldava em sua cabeça o que viriam a ser suas ideias de sucesso. Em 1971, Lucas lançava o seu primeiro longa-metragem: THX-1138, baseado em um próprio curta seu feito na faculdade e produzido por Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão), seu amigo e mentor. O filme, apesar de não ter sido um grande sucesso de público, trouxe certa projeção para Lucas, que estabeleceu dois principais projetos futuros. O primeiro deles se chamaria American Grafitti, conhecido no Brasil como Loucuras de Verão, uma viagem até o seu próprio passado, onde ele visava homenagear a juventude dos anos 60. O segundo, por sua vez, Lucas pretendia que fosse uma adaptação de Flash Gordon, o famoso herói das histórias em quadrinhos de fantasia espacial criado por Alex Reymond, uma das suas maiores paixões quando criança.

Imagem de um dos quadrinhos de Flash Gordon.

Por conta disso, ainda em 1971, Lucas viajou até Nova York, na intenção de consultar a “King Features Syndicate“, que detinha os direitos de adaptação de Flash Gordon para as telas. Chegando lá, para a sua infelicidade, os direitos do personagem já estavam garantidos ao produtor Dino De Laurentiis, um dos maiores e mais bem-sucedidos produtores cinematográficos da história, cuja versão do herói dos quadrinhos chegaria aos cinemas em 1980, no longa intitulado somente Flash Gordon, com trilha sonora composta pelo Queen. Assim, impossibilitado de filmar sua versão do herói criado por Raymond, Lucas viria a tomar uma decisão que mudaria para sempre a sua vida e toda a história do cinema: criar a sua própria fantasia espacial, que se chamaria “The Star Wars”.

Após a United Artists descartar a produção de American Graffiti e de Star Wars, o estúdio que aceitaria dar uma chance as ideias de Lucas foi a Universal. A começar pelo primeiro deles, a produção de Loucuras de Verão, comandada por Lucas (diretor e roteirista) e por um sujeito chamado Gary Kurtz (produtor), parceiro do criador e que compartilhava de suas paixões por carros e fantasias espaciais (Kurtz, mais tarde, também seria produtor de Star Wars), foi extremamente conturbada. Como resultado, o filme viria a ficar meses engavetado pela Universal Studios. A partir daqui, em uma situação não muito favorável, Lucas começaria a pensar no que viria a ser Star Wars em si. O estúdio que aceitou financiar o primeiro filme da saga foi a 20th century Fox. Naquela época, Alan Ladd Jr. (filho do ator Alan Ladd, de Os Brutos Também Amam), um dos principais executivos da empresa, estava decidido a dar uma chance a qualquer coisa que George Lucas tivesse em mente, por acreditar no potencial e no talento do cineasta.

George Lucas nos bastidores de Loucuras de Verão.

O processo de escrita de Star Wars seria bastante desafiante. Reunindo diversas influências, como filmes de Western clássicos, clássicos de Samurai do cineasta Akira Kurosawa, principalmente A Fortaleza Escondida (1958), histórias do próprio Flash Gordon e a obra do mitólogo Joseph Campbell, sobretudo o livro “O Herói das Mil faces”, um dos principais estudos a respeito da chamada “Jornada do Herói”, o roteiro do filme passaria por diversos manuscritos, reunindo uma mistura de ideias, personagens e conceitos. Os chamados “Diários de Whiils”, por exemplo, foram uma das primeiras possibilidades para a história, onde uma antiga ordem de guardiões ancestrais teriam sido autores de uma espécie de bíblia da galáxia. Mais tarde, um próximo manuscrito se chamava “Adventures of the Starkiller, Episode One: The Star Wars”, onde ideias como a força, os Sith e os Jedi estavam cada vez mais sedimentadas. Assim, após inúmeras escritas e reescritas, o roteiro mais próximo do que vimos no filme original de 1977 estava nas mãos de Lucas em 1975. O filme em questão se chamava somente “Star Wars” .

Para melhor representar as suas ideias para os chefões da Fox, que na época achavam o conceito de Star Wars algo completamente inviável, Lucas contratou Ralph McQuaire, um artista conceitual que na época trabalhava para a Boeing. Em agosto de 1973, enquanto ele escrevia os primeiros roteiros de Star Wars, a Universal finalmente decidiu lançar Loucuras de Verão. Um sucesso estrondoso de crítica e de público, cuja bilheteria ultrapassou a marca de 100 milhões de dólares, o filme fez de George Lucas o cineasta mais quente de Hollywood naquele momento. Apesar disso, os executivos da FOX, com excessão de Ladd Jr., se mantinham sem muitas esperanças a respeito de qualquer possibilidade de sucesso da sua fantasia espacial.

Arte conceitual de McQuaire para R2-D2 e C-3PO.

As filmagens de Star Wars foram extremamente conturbadas. Para as cenas no planeta Tatooine, a equipe se deslocou até o deserto da Tunísia, enfrentando imprevistos como tempestades de areia, que destruíam cenários e prejudicavam os equipamentos, protótipos dos dróides que se recusavam a funcionar e um calor que passava de 50 graus celsius de sensação térmica. As filmagens em estúdio, por sua vez, ocorreram no Elstree Studios, em Londres, Inglaterra, onde as legislações inglesas só permitiam que as gravações ocorressem até cinco e meia da tarde e as equipes se recusavam a passar do horário, mesmo que de forma mínima. Além disso, nem mesmo o elenco do filme, cujo trio principal era composto pelos até então desconhecidos Harrison Ford (Han Solo), Mark Hammil (Luke Skywalker) e Carrie Fisher (Princesa Leia) levavam a sério o que estava sendo filmado.

George Lucas e Anthony Daniels (C-3PO) nos bastidores de Star Wars.

Para os efeitos visuais, em baixa naquele período da indústria americana, Lucas teve que fundar a Industrial Light and Magic (ILM), a sua própria companhia de efeitos especiais, onde tudo foi criado do zero- tomadas aéreas, explosões, maquetes, etc. Além disso, o primeiro corte do filme foi descrito como inassistível e o editor original se recusava em fazer mudanças, o que obrigou George Lucas a demiti-lo, substituindo-o por Paul Hirsch, Richard Chew e Marcia Lucas, sua esposa na época. Os efeitos sonoros ficaram a cargo de um sujeito chamado Ben Burtt, responsável pelos sons icônicos como os dos sabres de Luz, Chewbacca, R2-D2 e Darth Vader. Já a célebre trilha sonora, para muitos a melhor da história do cinema, ficou nas mãos de John Williams, que vinha do sucesso de seu tema composto para o filme Tubarão (1975), de Steven Spielberg. Reza a lenda que Lucas, inclusive, só começou a nutrir certo otimismo (mesmo que minimamente) com seu próprio projeto após ouvir o imortal tema composto por Williams para o filme.

Assim, no final das contas, o conturbado processo de produção de Star Wars, além de ter deixado Lucas com quadro de hipertensão e estresse excessivo, fez com que a Fox fosse obrigada a adiar o lançamento do projeto de dezembro de 1976 para maio de 1977, com o orçamento inicial de oito milhões de dólares batendo a casa dos onze milhões, para a insatisfação dos engravatados do estúdio, que se mantinham céticos em relação a qualquer possibilidade do filme de George Lucas trazer-lhes algum retorno financeiro. Lucas, por sua vez, com receio dos possíveis resultados negativos de Star Wars, decidiu se “esconder” no Havaí, em uma das histórias mais conhecidas de sua trajetória.

Belíssimo pôster original de Star Wars.

Lançado em 25 de maio de 1977, Star Wars foi um sucesso absoluto. Sustentado por uma campanha de marketing inteligente, liderada por um sujeito chamado Charles Lippincott, que chegou a visitar inúmeros eventos sobre quadrinhos e ficção-científica com o intuito de divulgar o longa, a fantasia espacial de Lucas superou qualquer desconfiança e pessimismo da FOX e de todos os envolvidos na produção. Maior bilheteria de seu tempo, o filme acumulou cerca de 550 milhões de dólares no mundo inteiro, com esse valor, hoje em dia, somado às reexibições ao longo dos anos, ultrapassando a casa dos 770 milhões de dólares. Além disso, na cerimônia do Oscar de 1978, Star Wars foi indicado a dez prêmios, incluindo os de Melhor Filme e Melhor diretor, vencendo sete deles: Melhor Trilha Sonora original, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Som, Melhor Edição, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino, além de um prêmio especial pelo trabalho de Ben Burtt no som.

Fila em um cinema para assisitr Star Wars, cena muito comum na época em que o longa foi lançado.

Hoje em dia, quatro décadas e meia depois, não é nenhum exagero afirmar que George Lucas revolucionou toda uma indústria, mudando a forma como os filmes são feitos e consumidos e estabelecendo um “evangelho” a ser seguido por toda franquia cinematográfica de sucesso, de Harry Potter até o Universo Marvel. A chamada era dos Blockbuster se estabelecia de vez em Hollywood, onde os estúdios enxergavam cada vez mais a viabilidade nas produções de orçamento milionário, recheadas de efeitos visuais e acompanhadas pela venda de produtos derivados e merchandising de todo tipo. Nas mãos da Disney desde 2012, quando Lucas optou por sua aposentadoria, vendendo a LucasFilm por mais de 4 bilhões de dólares, Star Wars, entre altos e baixos, ainda é uma paixão que passa de geração em geração. E que assim continue por muitos e muitos anos. Que a força esteja com todos nós!

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