“Alguém me segure!”
O Máskara
Jim Carrey, que completou 60 anos em 2022, anunciou recentemente que pretende se aposentar. O ator, que recentemente retornou ao papel de Doutor Robotnik em Sonic 2 (2022), declarou que o filme deve ser seu último trabalho nas telas, afirmando que “Já fiz o suficiente”. Ao longo de mais de 30 anos de uma vitoriosa carreira, é inegável que Carrey, que chegou ao sucesso global em meados dos anos 90, marcou uma geração com seus papéis em filmes de comédia e em alguns filmes mais “sérios”. Ainda em 1994, ano em que sua carreira sofreu uma virada extraordinária em direção ao sucesso, o ator estrelou dois filmes. O primeiro deles, Debi & Loide: Dois Idiotas em Apuros (1994), onde fez dupla com Jeff Daniels. O segundo, por sua vez, talvez seja o seu papel mais icônico até hoje: O Máskara (1994), onde ele deu vida a Stanley Ipkiss, um banqueiro de boa índole que, ao encontrar uma Máscara misteriosa, se vê em posse de um artefato que lhe concede os mais mirabolantes poderes.
Apesar de ter ficado mundialmente famoso no filme estrelado por Jim Carrey, o personagem O Máskara, na verdade, surgiu nos quadrinhos. Criado por Mike Richardson em 1982, o icônico “herói” ganhou sua primeira grande série de quadrinhos em 1989, onde era conhecido como “Big Head” (algo como “cabeção” em tradução livre). Publicadas pela editora Dark Horse Comics, as histórias eram desenvolvidas pela dupla John Arcudi e Doug Mahnke. Dito isso, como é de praxe na maior parte das adaptações, existem certas diferenças entre o longa-metragem e o seu material fonte. Uma delas, por exemplo, é o fato de, nos quadrinhos, a máscara encontrada por Stanley Ipkiss ser uma máscara vudu, de origens africanas, enquanto que, no cinema, ela é descrita como tendo origem viking, com uma forte ligação com Loki, o deus da mentira da mitologia nórdica.
Porém, as diferenças entre o filme e os quadrinhos não residem somente em elementos singelos, como a supracitada verdadeira origem do artefato central da trama. Os quadrinhos de O Máskara também eram muito diferentes do filme por conta de seu tom em si, muito mais mais sombrio e adulto do que vimos no longa estrelado por Carrey. Além da violência mais explícita e humor negro e ácido, a própria personalidade de Stanley, por exemplo, era totalmente diferente. Ao invés do homem pacato e de bom coração que conhecemos, nos quadrinhos ele era um indíviduo extremamente arrogante e muito mais vingativo do que a versão popularizada pela figura de Jim Carrey.
Na época, o diretor Chuck Russel conta que, originalmente, a New Line Cinema, produtora e distribuidora que decidiu levar o personagem para as telas em parceria com a Dark Horse, chegou a cogitar a ideia de trazer para o cinema o mesmo tom dos quadrinhos. Além disso, na época, a New Line também chegara a considerar transformar O Máskara em sua nova franquia de terror bem-sucedida, tendo em vista o sucesso financeiro obtido pela distribuidora com os filmes da saga A Hora do Pesadelo, protagonizada pela icônico Freddy Krueger. Porém, apesar dessas possibilidades iniciais, os produtores e Russel chegaram a conclusão de que suavizar ao máximo a proposta seria o caminho mais adequado para essa história, com o intuito de aumentar o apelo popular do personagem.
Dito isso, há um fator fundamental no meio dessa história que não poderia deixar de ser ressaltado: Jim Carrey. Após vencer a concorrência de nomes como os de Rick Moranis (Os Caça Fantasmas) e Robin Williams (Uma Babá Quase Perfeita), o ator foi o escolhido para dar vida a Stanley Ipkiss. Não seria exagero afirmar que boa parte do sucesso do filme foi devido ao ator. Além de detalhes singelos, como o icônico terno amarelo, uma ideia do próprio Carrey, inspirada em um figurino feito por sua mãe na época em que ele realizava apresentações de Stand-up, a performace do ator em si também é louvável. Famoso por sua inteligência corporal e expressividade inconfundíveis, é no decorrer do filme que esses detalhes fazem a diferença, com sua atuação sendo a grande responsável por transformar o Máskara em um ícone. As suas “caras e bocas”, onde mesmo com a maquiagem pesada nas cenas em que está caracterizado como O Máskara, não perdem sua força, a forma como se movimenta e o comportamento cômico como um todo, tanto nas cenas em que é Stanley, quanto naquelas em que vive seu alter-ego, aliados aos excelentes efeitos especiais, ideializados pela Industrial Light and Magic (ILM), são a alma do longa-metragem.
Dessa forma, de fato a estratégia de Russel e da New Line, aliada a brilhante performance de Jim Carrey descrita anteriormente, deram certo. O longa-metragem foi um tremendo sucesso, sagrando-se a quinta maior bilheteria do ano de 1994, com mais de 350 milhões de dólares arrecadados em todo o mundo, e transformando um até então desconhecido personagem dos quadrinhos em um ícone pop. Depois daqui, Carrey, que pelo primeiro filme, numa época em que ele ainda estava em início de carreira, recebeu cerca de 500 mil dólares, recusou um cachê de cerca de 10 milhões de dólares para estrelar uma sequência de O Máskara. Em 2005, mais de dez anos depois do longa original, O Filho do Máskara chegou aos cinemas sem o ator, sendo um fracasso estrondoso de público e crítica. Porém, esqueçamos isso por enquanto. Jim Carrey, de fato, fez o suficiente.
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