Como O Poderoso Chefão quase não aconteceu e outras histórias inusitadas por trás do filme!

Como O Poderoso Chefão quase não aconteceu e outras histórias inusitadas por trás do filme!

Fechando a série de três matérias publicadas em celebração aos 50 anos de O Poderoso Chefão, deixamos a última delas justamente para o aniversário do mestre Francis Ford Coppola, o diretor responsável pela icônica trilogia.

Dito isso, no aniversário de 83 anos de Coppola, decidimos por relembrar algumas histórias por trás dos conturbados bastidores do primeiro episódio da história dos Corleone. Principalmente, toda a luta do diretor para seguir com sua visão, que, inegavelmente, foi de suma importância para o filme ser tão cultuado como é hoje.

Primeira opção

Hoje em dia, entre outras realizações, como A Conversação (1974) e Apocalypse Now (1979), Francis Ford Coppola é mundialmente aclamado por seu trabalho em O Poderoso Chefão. Porém, ele não era a primeira opção da Paramount para o cargo de diretor da história da família de mafiosos. Inicialmente, o estúdio queria o Italiano Sergio Leone. Na época, ele era famoso por suas realizações de Western Spaghetti, um subgênero do Western, principalmente a trilogia do Homem sem Nome (Por um Punhado de Dólares, Por uns dólares a mais e Três Homens em Conflito), estrelada por Clint Eastwood. Na época, entretanto, Leone acabou por recusar a proposta. Anos depois, ele lançou Era uma vez na América (1984), seu próprio épico de máfia.

Coppola não queria dirigir o filme

Após a recusa de Leone, a Paramount acabou por oferecer a direção para Coppola. De início, o diretor, na época com 29 anos de idade, também não aceitou o cargo. Ele mesmo recorda que não se sentia muito atraído pela história, originalmente contada em um livro homônimo do escritor Mario Puzo, que, junto de Francis, viria a ser o roteirista do filme.

Na época, Coppola e um amigo chamado George Lucas, ninguém mais, ninguém menos que o criador de Star Wars, eram sócios na produtora American Zoetrope. Ele conta que foi Lucas um dos responsáveis por o convencer a aceitar o trabalho em O Poderoso Chefão. Após a produção de THX-1138 (1971), o primeiro longa de Lucas, que não foi um sucessso de bilheteria, a Zoetrope encontrva-se com problemas financeiros e, muito por conta disso, Coppola aceitaria a proposta da Paramount para o cargo de diretor.

George Lucas e Francis Ford Coppola.

O filme quase não aconteceu

Apesar de ser altamente considerado um dos melhores filmes da história do cinema, O Poderoso Chefão quase não aconteceu. Pelo menos não da forma como nós o conhecemos hoje. Ao longo do processo de gravação do filme, Coppola quase foi demitido mais de uma vez, por conta de algumas desavenças criativas com a Paramount, que fizeram da produção do primeiro longa da saga Corleone ser um tanto quanto conturbada. Como dito, o diretor, incialmente, não era um grande apreciador da obra original. Por isso, aplicar a sua visão para essa história era fundamental para ele.

Dito isso, um dos principais desafios que o cineasta enfrentou foi em relação a escalação do elenco do longa. Para o papel de Michael Corleone, por exemplo, o estúdio almejava alguém mais veterano que Al Pacino, na época, um ator ainda em início de carreira e não muito conhecido. Além dele, para o papel de Vito Corleone, Coppola insistiu incessantemente em Marlon Brando, alegando que não conseguia enxergar nenhum outro ator intepretando o patriarca da família a não ser o veterano. O estúdio, de início, relutou em aceitar Brando como Corleone, por considerá-lo um ator em decadência e por conta de seu histórico de ser uma pessoa problemática de se lidar por trás das câmeras. Na época, diversas histórias relacionadas a atrasos para gravações e o fato de Brando não decorar suas falas rondeavam sua fama nos bastidores da indústria.

Marlon Brando e Coppola nos bastidores de O Poderoso Chefão.

Além dessa questão do elenco, entre outras desavenças entre o cineasta e o estúdio, estavam o orçamento e até mesmo a sua visão artísitca propriamente dita. A Paramount queria que o filme fosse realizado como uma produção de baixo custo, com um orçamento em torno de 2 milhões de dólares. O diretor, por sua vez, desejava que a história se passasse em Nova York, nos anos 40, o que aumentaria consideravelmente os custos de produção. Além disso, os executivos não ficaram muito satisfeitos com algumas escolhas visuais do diretor, considerando algumas cenas do longa escuras demais. Por fim, até a escolha do compositor Nino Nota, o responsável pela lendária trilha sonora do longa, foi questionada pelo estúdio. Felizmente, foi o diretor quem também saiu vitorioso em todas essas disputas.

As histórias de Don Corleone

Depois de Coppola muito insistir, como já sabemos, a Paramount cedeu ao desejo do diretor na escalação de Marlon Brando, que acabou ficando com o papel de Vito Corleone. Dito isso, existem várias histórias por trás do icônico papel. Entre elas, o fato de Brando ter usado uma prótese na boca e uma maquiagem pesada para parecer mais velho, dando vida, assim, ao icônico visual de Don Corleone. Vale ressaltar que, na época, o ator tinha 48 anos e estava interpretando um personagem de idade avançada. A prótese bucal ficou tão famosa que, hoje em dia, ela está em exposição no Museum of the Moving Image, um museu localizado em Nova York inteiramente dedicado ao cinema.

A prótese utilizada por Brando.

Por outro lado, também é famosa a história de que o ator, ao longo das gravações, teria colado vários papéis com suas falas pelos cenários, justamente porque ele as esquecia. Além disso, na cena de abertura, o gato que Don Corleone segura em seu colo teria sido uma improvisação do ator, que utilizou um felino que foi encontrado no estúdio em um dia de gravação.

Marlon Brando e o Oscar

Porém, a história mais famosa e polêmica referente a Brando e sua participação em O Poderoso Chefão aconteceu quando o filme já estava finalizado e se estabelecendo como um sucesso. Em 1973, na cerimôonia do Oscar daquele ano, Marlon Brando saiu vitorioso na categoria de Melhor Ator pela segunda vez em sua carreira (a primeira fora em 1955, por Sindicato dos Ladrões) por seu trabalho como Vito Corleone. Porém, insatisfeito com a forma com que os indígenas eram retratados em Hollywood, o ator decidiu recusar o prêmio. Em seu lugar, ele enviou Shasheen Littlefeather, uma ativista da causa indígena. Na ocasião, ela subiu ao palco carregando consigo uma declaração escrita pelo próprio Brando. Apesar de não ter lido ela por completo, a ativista afirmou que “Ele, infelizmente, não pode aceitar esse prêmio generoso, em razão do tratamento recebido pelos indígenas no cinema e na televisão.”

Cabeça de verdade e nervosismo de Luca Brasi

Reza a lenda que, na famosa cena em que o personagem Jack Woltz, o produtor cinematográfico interpretado pelo ator John Marley, acorda com uma cabeça de cavalo em sua cama, teria sido utilizada uma cabeça real, com a reação do ator sendo completamente espontânea. Nos ensaios, porém, era utilizada uma cabeça falsa.

Já a cena em que o personagem de Luca Brasi treina o que vai falar para Don Corleone não estava no roteiro. Segundo relatos, o ator Lenny Montana estava tão nervoso para contracenar com Marlon Brando, na época, um ator já respeitado como um veterano da Hollywood clássica, que decidiu praticar suas falas antes. Coppola, por sua vez, achou a cena tão natural e convincente que decidiu por registrá-la e colocar no filme.

Stallone no filme?

Sylvester Stallone, que na época ainda não era nem Rocky, nem Rambo, quase fez parte do elenco de O Poderoso Chefão. Isso porque, no início dos anos 70, época em que Stallone buscava por oportunidades na sétima arte, ele chegou a fazer testes para os papéis de Paulie Gatto e Carlo Rizzi. O ator, porém, acabou por não ser escalado para nenhum dos dois.

O sucesso absoluto e legado

Lançado em março de 1972, O Poderoso Chefão, além de consagrar seu diretor e ter alavancado também a carreira dos integrantes de seu elenco, foi um sucesso absoluto de público e crítica. O longa faturou mais de 245 milhões de dólares de bilheteria no mundo todo e foi indicado a 11 prêmios Oscar, vencendo 3: Melhor filme, Ator e Roteiro, contrariando qualquer insatisfação da Paramount para com a visão criativa de Francis Ford Coppola para essa história.

Além de ser considerado por muitos um dos primeiros blockbusters de Hollywood, antes mesmo de Tubarão (1975), de Steven Spielberg, e Star Wars (1977), de George Lucas, os dois “verdadeiros” responsáveis por dar início a era dos arrasa-quarteirões americanos, até hoje, O Poderoso Chefão é lembrado como um dos melhores e mais influentes realizações da história, encabeçando sempre as principais listas com o intuito de eleger os melhores filmes já feitos.

Coppola (ao centro) e o elenco de O Poderos Chefão reunidos em 2017.

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