Crítica: Em Luca, Pixar joga seguro e traz bela aventura sobre respeito ao diferente!

Crítica: Em Luca, Pixar joga seguro e traz bela aventura sobre respeito ao diferente!

Que a Pixar faz filmes com a proposta de agradar tanto o público infantil, quanto o público adulto, não é novidade para ninguém. Porém, em 2020, com o lançamento de Soul, filme do estúdio anterior a Luca, muitos criticaram um possível exagero conceitual no enredo sobre o sonhador pianista de Jazz, considerando o longa ambicioso e complexo até demais, algo que com certeza não funcionaria tão bem com as crianças, fazendo com que muitos considerassem isso uma “traição” do estúdio para com aquele que é o seu principal público-alvo. Nesse contexto, aqui estamos com Luca, o mais recente longa-metragem do estúdio que, assim como seu antecessor, também foi lançado diretamente no Disney Plus.

Após Soul, Luca vem com ares de um passo para trás da Pixar. Se a trama do músico que compreende a diferença entre missão e propósito de vida trazia uma complexidade desafiante até mesmo para o público adulto, Luca é o retorno a uma proposta com maior simplicidade temática. Porém, que fique claro, isso não é algo negativo ou não significa que o filme seja ruim. Pelo contrário. A Pixar está aqui sem abandonar em nenhum momento a supracitada ideia que é a espinha dorsal dos seus filmes em mais de 25 anos de história- Personagens cativantes, belos visuais e aquela poderosa e tocante mensagem no final, que é capaz de despertar emoções em crianças e adultos de forma única.

Na trama de Luca, somos apresentados a uma história sobre amadurecimento, ao acompanharmos um jovem chamado Luca e seu novo melhor amigo, Alberto, que, em pleno verão, decidem se aventurar por uma pequena cidade na Riviera Italiana. Porém, os dois amigos guardam um segredo que pode colocar em jogo a diversão e as amizades feitas ao longo do percurso: os dois, na verdade, são monstros marinhos, que são caçados pelos humanos por serem considerados ameaças.

Logo de cara, Luca já possui um encanto por seus belos visuais. A escolha da história se passar na Riviera Italiana foi um grande acerto da produção. Ao longo do filme, são exploradas paisagens e ambientes mais naturais que, auxiliadas pelo realismo imagético cada vez mais impressionante nas animações da Pixar, fazem parecer que estamos diante de um mundo real e tangível, apesar de se tratar de um longa de animação. Com o uso intenso de cores frias, principalmente o azul e o verde, Luca cria um iminente desejo em seu espectador de passar suas próximas férias na Riviera Italiana, experimentando as melhores massas e sorvetes e relaxando nas mais belas praias do litoral do país europeu.

Além dos belos visuais, outro grande destaque de Luca são algumas das escolhas de seu roteiro, que é assinado pela dupla Mike Jones e Jesse Andrews. Ao longo do filme, sonhos e realidade se misturam, com Luca sendo apresentado para o público e para os humanos do longa como um jovem “monstro marinho” que, apesar de todas as suas inseguranças e medos, principalmente em relação a sair do fundo do mar e visitar a superfície, que seus pais são totalmente contra, se referindo aos humanos como “monstros terrestres”, possui diversos sonhos e uma sede por aventuras. Nesse contexto, são diversas cativantes sequências onde os sonhos do protagonista são apresentados em tela de forma um tanto quanto surrealista, representando com perfeição o seu lado mais ingênuo e inocente.

Além disso, como já dito, Luca é um verdadeiro filme da Pixar pela mensagem poderosa presente na história. O longa nos apresenta uma realidade em que os humanos enxergam as criaturas marinhas como monstros e vice-versa. Nesse ponto, é interessante destacar uma personagem específica- A menina Giulia, que se torna também amiga da dupla principal. Seu pai, um pescador e caçador dos tais monstros, em determinado momento da projeção, começa a enxergar toda a história por um outro ponto de vista, onde os monstros marinhos não são “monstros”, mas são, em sua essência, Luca e Alberto, amigos de sua filha. Dito isso, é aí que mora a parte do filme que se faz extremamente necessária, ainda mais nos tempos que vivemos hoje. Ao final da projeção, após uma reviravolta de cortar o coração na amizade de Luca e Alberto, o roteiro do longa deixa de lado a ideia de monstros marinhos e terrestres, apresentando uma possibilidade onde há o respeito e convivência mútua entre humanos e seres marinhos. Uma realidade onde, na verdade, as diferenças são aceitas, e não discriminadas.

Porém, Luca pode parecer um filme não muito original. Principalmente em seu início, o filme se parece muito com outras animações famosas da própria Pixar e também da Disney, como Procurando Nemo e A Pequena Sereia. Por conta disso, Luca demora a engrenar para valer sua trama, dando a impressão que estamos diante de um filme não muito original e clichê, que acabará repetindo uma história já vista antes.

Apesar disso, não há nada que faça com que Luca seja um filme que não valha o tempo investido. Apesar de uma possível falta de originalidade em alguns elementos de sua trama, as belas paisagens, que promovem uma imersiva viagem a Riviera Italiana, e a poderosa metáfora presente no texto fazem de Luca mais uma animação com a cara da Pixar, que aqui deixa um pouco de lado a complexidade ao extremo vista no seu longa-metragem anterior para jogar no seguro, fazendo o que sabe fazer de melhor desde os seus primórdios.

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