Vagamente inspirado em uma história real, de um urso-negro que, em 1985, consumiu parte de um carregamento de cocaína que caíra acidentalmente em uma floresta no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, O Urso do Pó Branco é uma comédia que, de verdadeira, possui somente a premissa de um urso que consome cocaína. Na história real, o animal morreu ao entrar em contato com a substância tóxica e, diferentemente do que acompanhamos no filme dirigido por Elizabeth Banks (As Panteras, 2019), não chegou a atacar ou matar ninguém.
Dito isso, a proposta de Banks, aqui, é contar uma versão desse fato onde a fuga de qualquer verossimilhança é o que dita o seu tom. Assim, ao apostar no devaneio criativo de um urso “chapado”, que persegue um grupo variado de indivíduos por cerca de uma hora e meia de filme, O Urso do Pó Branco se estabelece como uma comédia em que o absurdo das situações, regadas a elementos dos mais genuínos filmes trash, é o que diverte os seus espectadores por seus exageros- desde o humor ácido, até o gore das situações de violência mais explícita.
Concomitantemente, o tom dado ao lado “humano” do filme também funciona dentro dessa proposta. Todos os personagen introduzidos pelo roteiro de Jimmy Warden são caricatos, estabelecidos por meio de arquétipos explorados incontáveis vezes em filmes de comédia e de terror, como é o caso de uma mãe consideravelmente ausente (Keri Russel); um casal de crianças curiosas e questionadoras (Brooklynn Prince e Christian Convery); o chefão da máfia durão (Ray Liotta, em seu último papel no cinema); e uma dupla de personalidades opostas que funciona como alívio cômico na maior parte do tempo (Isiah Whitlock Jr. e Alden Ehrenreich)- e apesar do filme não se preocupar em trazer qualquer profundidade dramática para tais núcleos (o que não é a sua proposta, importante deixar claro), existe uma química entre o seu elenco que ainda funciona na maior do tempo de projeção.
Vale ressaltar, entretanto, como que, na medida em que essas subtramas de cada um dos personagens supracitados nos são apresentadas, há certo problema na montagem de O Urso do Pó Branco, que joga em cima de cortes constantes entre esses núcleos e acaba por causar uma carência de ritmo na primeira parcela de filme. Indo além, sem parecer se preocupar com um virtuosismo técnico que chame atenção, toda a mise-en-scène de Elizabeth Banks, por sua vez, é bastante básica, mas sem comprometer a si mesma nessa busca pelo escape da realidade em favor do absurdo.
Em suma, seria injusto afirmar, de todo modo, que O Urso do Pó Branco não é um filme que cumpre com a sua proposta. Confortável em ser simplesmente uma comédia nonsense, se a busca por um filme trash descompromissado agrada, temos aqui um prato cheio.
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