Crítica- Nova fase da Marvel tem início morno com “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, mas com elenco de destaque.

Crítica- Nova fase da Marvel tem início morno com “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, mas com elenco de destaque.

Após uma Fase 4 de altos e baixos, composta por realizações que chegaram a ligar um alerta nos fãs sobre uma possível crise criativa nos filmes do Marvel Studios (de Eternos a Thor: Amor e Trovão), a Fase 5 do chamado Universo Cinematográfico da Marvel agora tem seu início oficial com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023). Terceiro longa-metragem do super-herói, o filme traz o diretor Peyton Reed de volta à posição que ocupara nos dois longas que antecederam esse, e chega aos cinemas com a promessa de retomar o equilíbrio da Casa das Ideias no cinema, acalmando os ânimos e preparando o terreno para a chamada “Dinastia de Kang”.

Em Quantumania, Scott Lang (Paul Rudd), ainda se acostumando com sua nova vida de herói, sua companheira Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), Hank Pym (Michael Douglas) e Janet van Dyne (Michelle Pfeiffer) são transportados acidentalmente para o Reino Quântico quando Cassie Lang (Kathryn Newton), filha de Scott e agora uma adolescente, desenvolve um dispositivo que permite a comunicação com essa outra realidade. Chegando lá, o grupo se vê diante do poderoso vilão Kang: O Conquistador (Jonathan Majors), sendo obrigados a enfrentá-lo enquanto buscam uma forma de voltar para casa.

Situado quase que inteiramente no Reino Quântico, Homem-Formiga e a Vepsa: Quantumania se desenvolve sem grandes surpresas ou reviravoltas mirabolantes. Além das tradicionais cenas pós-créditos (o filme conta com duas), há uma pequena ponta de Bill Murray como um personagem específico dos quadrinhos e a introdução de um novo vilão cujo visual é, de longe, o elemento mais questionável de todo o filme- fator esse que, certamente, servirá para fortalecer as discussões acaloradas no que diz respeito à qualidade do CGI (Imagens Geradas por Computador) nos últimos filmes e séries da Marvel.

Sente-se, nesse contexto, um esforço maior no que tange a construção visual do Reino Quântico. Rico em ambientes e criaturas das mais variadas, os lampejos de criatividade nele presentes se sustentam, em maioridade, na busca por referências claras a Star Wars (em ambas as trilogias de George Lucas, por sinal) e Duna– e ainda que o todo pareça pouco inspirado e até sem alma, há momentos e conceitos desse universo que funcionam melhor de forma isolada. Sobretudo nas sequências finais e de momentos chave específicos envolvendo os personagens de Paul Rudd e Michael Douglas (que para evitar spoilers, dispensaremos mais detalhes).

O grande êxito de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, de qualquer forma, é o timing para o humor e a química de seu elenco- fator esse que, diga-se de passagem, já havia sido igualmente destaque nos dois filmes anteriores do herói. Nesse contexto, o casal formado por Hank Pym e Janet van Dyne, intepretados, respectivamente, por Michael Douglas e Michelle Pfeiffer, com mais tempo de tela são os grandes destaques aqui, sendo prazeroso para o espectador presenciar os veteranos com uma participação mais ativa nos acontecimentos.

Além deles, a relação entre Cassie e Scott, moldada a base de uma boa sintonia entre Kathryn Newton e Rudd, também busca se fazer relevante. Aqui, após perder um tempo que considera precioso para tal, acompanhamos um pai procurando ser protetor e ativo na vida de sua filha, que, por sua vez, almeja demonstrar sua aptidão para o fardo de justiceira social e heroína- o que dá a deixa para uma maior participação da personagem nas obras futuras do Universo da Marvel.

Além disso, Kang: O Conquistador, ainda que não seja um vilão icônico logo de cara, tem seu brilho quase que inteiramenre calcado na atuação de Jonathan Majors. Talvez ainda seja cedo para cravar um veredito sobre esse que será o próximo grande antagonista do MCU, porém, o ator consegue equilibrar com competência diplomacia e ira ao moldar a personalidade do vilão, cujo os poderes em si não parecem ser explorados com potencial completo ou de forma tão memorável e marcante ao longo da projeção.

Em suma, Homem-Formiga e Vespa: Quantumania não é nenhum espetáculo ou um ponto fora da curva nas dezenas de realizações do Marvel Studios. A Fase 5, assim, inicia-se de forma trivial. Basta saber se essa trivialidade será suficiente para sustentar o futuro do Universo Cinematográfico Marvel, já que, a essa altura do campeonato, parece sentir-se a necessidade de uma realização que volte a ser unanimidade e prove que a ideia desse universo compartilhado, que uma vez fora novidade, ainda não está esgotada por completo para o público.

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