Crítica: Liga da Justiça de Zack Snyder é a prova de como a figura do Diretor de Cinema é fundamental em um filme!

Crítica: Liga da Justiça de Zack Snyder é a prova de como a figura do Diretor de Cinema é fundamental em um filme!

O Snyder Cut está entre nós! Muito se fala hoje em dia sobre o poder da Internet e dos fãs sobre produções milionárias de grandes estúdios. São inúmeros casos recentes de franquias e filmes que sofreram mudanças de planos por conta do barulho causado pelos fãs em redes sociais. Para sermos específicos, basta olharmos o destino da nova trilogia de Star Wars e até mesmo o visual do Sonic no live action de 2020, que após uma recepção negativa aos primeiros trailers e imagens, foi completamente alterado (para melhor, diga-se de passagem) para a versão final de cinema.

Nesse contexto, desde 2017, quando foi lançada a versão original de Liga da Justiça, cujo diretor inicial do projeto, o tão falado Zack Snyder, teve que se ausentar por conta de uma tragédia familiar, surgiu na internet o movimento dos fãs pedindo para que a Warner lançasse a versão original de Snyder para o filme. Isso porque, o estúdio, que já não vinha satisfeito com o trabalho do diretor, decidiu por contratar um indivíduo com uma visão completamente diferente da de Snyder para finalizar o projeto: Joss Whedon, o mesmo que comandou o primeiro Vingadores, de 2012.

O resultado disso foi um fracasso completo de público e de crítica. Um filme que, enquanto projetado em tela, deixava nítido os recortes de uma possível primeira versão de Snyder e as adições de um outro diretor, Whedon, com um outro estilo e mentalidade, o que, consequentemente, fazia com que tons não casassem, resultando em um filme Frankenstein, genérico e que, por mais que tivesse momentos divertidos, tornou-se completamente esquecível, algo que um nome como Liga da justiça definitivamente não merecia. Mas afinal, aonde eu quero chegar com isso tudo? São a dois pontos principais que uma reflexão sobre o que foi dito anteriormente nos conduz.

O Primeiro deles é que o lançamento da Liga da Justiça de Snyder, independentemente de ser um filme bom ou ruim em si, é um marco para o cinema de heróis de qualquer forma. O filme é tanto uma vitória para os fãs da visão original do diretor para esses personagens, que tanto clamaram para que ela se tornasse realidade, em um dos maiores movimentos que a internet já viu, quanto para o próprio Zack Snyder, que foi covardemente substituído pela Warner bros. enquanto passava por um momento difícil, por conta de sua filha que se suicidou. O estúdio, que, como dito anteriormente, já não vinha satisfeito com o seu trabalho, se aproveitou da situação para tirá-lo da jogada, ao invés de dar o tempo necessário para que ele superasse o luto e, consequentemente, adiasse o projeto para finalizá-lo. Uma injustiça completa.

O segundo deles é que, um filme como o Snyder Cut da Liga da Justiça é capaz de nos provar como a figura do diretor é fundamental e faz diferença no processo de produção de um filme. Pode parecer óbvio o que eu quero dizer. E sim, é algo óbvio que o diretor é muito importante. Porém, a grande questão aqui é que, quando assistimos a Liga da Justiça de 2017, e agora a versão de Snyder de 2021, é uma diferença gritante em relação a quase tudo, seja isso para o bem da obra ou para o mal.

Gostemos ou não de Zack Snyder, algo precisa ser admitido: Ele é um diretor com uma visão, com um estilo próprio e com marcas registradas para compor narrativamente falando as suas obras. Se o diretor de cinema é, na teoria, o cara que mantém a unidade narrativa do filme e ele pode utilizar de seus elementos característicos e da inovação para compô-lo, desde que mantenha isso, é justamente o que Snyder, na prática, faz com a sua Liga da Justiça. Usando e abusando de todas as suas características e manias para contar a história do grupo de heróis, Snyder demonstra mais uma vez que ele possui o seu lado autor, não sendo um diretor 100% de manual, contratado somente para seguir ordens de um estúdio, como muitos por aí.

Agora falando de elementos mais específicos do filme em si, para começar, o primeiro ponto, e um tanto quanto previsível por conta de tudo que foi dito no parágrafo anterior, é que o resultado que temos no Snyder Cut de Liga da Justiça é algo nada genérico, ao contrário do que vimos na versão original dos cinemas. Seguindo a mesma espinha dorsal da trama dessa primeira versão, a diferença fundamental é que agora o filme ganha densidade, grandiosidade e estilo. A impressão que temos é que Joss Whedon e a Warner trataram o que Snyder vinha fazendo como um galeto e, para lançarem Liga da Justiça nos cinemas três anos atrás, o desossaram completamente. Na versão de Snyder, personagens e suas tramas ganham importância e mais desenvolvimento, como é o caso do Ciborgue e do Flash. Além disso, tudo é muito mais grandioso e impressionante, do visual do vilão, o Lobo da Estepe, até as batalhas e cenas de ação. O diretor consegue dar um tom de épico ao filme e as suas 4 horas de duração são justificadas por isso.

Porém, a Liga de Snyder não é nenhuma obra-prima. Para motivo de comparação, o filme, apesar de toda a grandiosidade, não é um Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) ou algo do tipo. Na verdade, alguns dos principais problemas do filme moram no que foi dito em relação a Zack Snyder possuir suas próprias marcas autorias enquanto diretor, algo que é subjetivo e vai de cada um gostar ou não. O exagero do uso de câmeras lentas e algumas cenas em que o diretor opta por remover quase que por completo a saturação das cores são algumas das cofonices de Snyder que em determinado momento da projeção acabam por cansar um pouco. Junto disso, a trilha do filme é outro ponto discutível. Em alguns momentos assertiva, em outros ela soa extremamente exagerada (foi criado um novo tema para a Mulher-Maravilha que toca literalmente em todas as cenas que a heroína aparece).

Em relação a duração de 4 horas, que tanto foi criticada por muitos nas primeiras reações ao longa, ela possui seu lado bom e seu lado ruim. O bom é que, como dito, o filme se dá o tempo necessário de tela para trabalhar melhor as tramas e seus personagens. Já o ruim acaba sendo por conta de, principalmente no início, o longa parecer vários filme em um, com seus arcos narrativos se entrecortando entre si e, consequentemente, tornando-se um pouco cansativo de se acompanhar, fato que mais para frente é compensado quando tudo se encaixa e partimos para a ação final.

Ademais, esse é o momento de sermos justos também com a versão do filme de 2017. Apesar de todos os problemas, foi até um pouco triste notarmos pontos interessantes dela que se perderam aqui. Sendo os que mais chamam atenção algumas sequências envolvendo o Batman agindo em Gotham City no início do longa e a própria versão do Superman no filme. Sendo esse segundo algo também subjetivo, tendo aqueles que preferem a visão sombria de Snyder para o personagem e aqueles que, como é o meu caso, preferem ver o herói sorrindo e transmitindo mais positividade (afinal, o “S” no peito, como dito em O Homem de Aço, de 2013, significa esperança), que foi o que vimos na versão passada do filme.

Dito isso, a Liga da Justiça de Zack Snyder é, apesar dos pesares, uma grata surpresa. Um filme que independente de qualquer ponto positivo ou negativo, já entrou para a história, justamente por tudo o que significa tanto para o seu diretor, quanto para os fãs da sua visão para esses personagens. Assistir as 4 horas de Snyder Cut é, de certa forma, assistir a vitória de um indivíduo e de seus seguidores sobre um sistema. É entender também que a visão de um diretor faz muita diferença em um projeto, gostemos nós, espectadores, dela ou não.

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