A notícia que chocou gerações de fãs foi confirmada no fim de outubro: Super Sentai, a icônica franquia japonesa que deu origem a Power Rangers, está chegando ao fim com sua série atual, encerrando um ciclo histórico de 50 anos na TV japonesa (via Asahi Shimbun).
Agora, o diretor executivo sênior e chefe de produção da Toei, Shinichiro Shirakura, detalhou os motivos por trás dessa decisão — e também por que acredita que o adeus pode não ser definitivo.
Segundo Shirakura, o primeiro grande desafio para manter a franquia viva foi o impacto direto da era do streaming, especialmente após a pandemia de covid-19. Com plataformas oferecendo temporadas antigas de Super Sentai e outras séries tokusatsu, como Kamen Rider, o público passou a ter liberdade total de escolha.
Isso criou um cenário inesperado:
- As novas séries competiam com suas versões antigas, muitas delas consideradas clássicos absolutos.
- O público novato não sabia por onde começar, já que cada temporada não tinha ligação direta com a anterior.
O resultado foi uma dificuldade crescente de atrair novos espectadores e de manter a relevância das produções mais recentes.
Outro fator determinante foi a ascensão dos quadrinhos e filmes de super-heróis dos EUA no Japão. Shirakura destacou especialmente a força dos Vingadores, que conquistaram uma nova geração de fãs japoneses.
Enquanto a Marvel investe em arcos contínuos e desenvolvimento profundo de personagens, Super Sentai reinicia sua história todos os anos. Essa estrutura, embora tradicional, impede a criação de figuras icônicas duradouras, como Homem de Ferro ou Capitão América.
Apesar dos desafios, Shirakura reconhece que Super Sentai ainda ocupa um espaço especial no imaginário japonês. Muitos espectadores tratam a franquia como uma “produção confortável”, mas o formato repetitivo também gera desgaste — especialmente em um mercado onde o público prefere maratonar séries completas ou revisitar clássicos por nostalgia.
Para o executivo, a melhor saída é permitir que a atual geração se afaste de Sentai e deixe que criadores mais jovens repensem a fórmula. Ele acredita que um hiato de cerca de 10 anos seria saudável para renovar a marca e permitir uma reforma profunda.
Shirakura lembrou ainda de sua entrada na Toei, durante o planejamento de Kyōryū Sentai Zyuranger (1992). Na época, muitos dentro da empresa achavam que aquela seria a última série da franquia.
Foi então que a equipe jovem sugeriu ideias ousadas — como a introdução do primeiro sexto membro, um marco na história de Super Sentai.
O resultado? Zyuranger se tornou a base para Power Rangers, fenômeno global que deu fôlego à franquia por mais 30 anos.
O fim… mas não para sempre
A despedida de Super Sentai simboliza o fim de uma era, mas também a possibilidade de um renascimento. Para Shirakura, a essência da franquia continua viva nos fãs — e isso garante que o retorno, embora distante, é apenas uma questão de tempo.
Super Sentai entra em pausa, mas o legado de cinco décadas permanece — e pode muito bem inspirar a próxima grande revolução do tokusatsu.

Leave a Reply