Rocky: Um Lutador foi o filme que mudou a vida do aniversariante de hoje!
“Se eu aguentar até o fim, se o gongo soar e eu estiver de pé, saberei pela primeira vez na vida que não sou um boxeadorzinho do bairro.”
Rocky Balboa/Sylvester Stallone
Exatos 76 anos atrás, nascia Michael Sylvester Gardenzio Stallone, mais conhecido como Sylvester Stallone. Popular em todo o mundo por conta de seus lendários papéis em filmes de ação, Stallone viria a ficar famoso por conta de um personagem cujo a narrativa apresentada em tela se mistura com a história por trás de sua própria criação- em um caso considerado por muitos uma das maiores aulas de perseverança e força de vontade que o mundo do cinema poderia proporcionar. Estamos falando de Rocky Balboa, icônico herói do cinema que veio a fazer sua primeira aparição em Rocky: Um Lutador, lançado em 1976.
Em meados dos anos 70, os Estados Unidos passavam por um dos momentos mais conturbados de sua história. Em agosto de 1974, o até então presidente norte-americano Richard Nixon renunciou ao cargo, após o chamado Escândalo de Watergate. Nixon, presidente pelo Partido Republicano, foi acusado de ter envolvimento na invasão à uma sede do Partido Democrata, no Complexo Watergate, em Washington, capital dos EUA. Na ocasião, cinco indivíduos foram detidos na tentativa de instalar escutas ilegais e tirar fotos de documentos no escritório dos Democratas. Além disso, em abril de 1975, após cerca de 20 anos de conflito, os Estados Unidos também lidariam com a derrota na Guerra do Vietnã, considerada de grande prejuízo, dado o contexto vigente de conflito geopolítico contra a União Soviética na Guerra Fria.
Consequentemente, a nação norte-americana encontrava-se abalada. Dito isso, tendo em vista que o cinema (assim como todas as artes) sempre refletiu as principais questões político-sociais de seu tempo, não demoraria para que o clima de desesperança também atingisse as produções hollywoodianas da época. Assim, além de dramas de natureza melancólica, foram produzidos inúmeros filmes que tratavam de temas como conspirações, assassinatos e paranoia. Dentre eles, Chinatown (1974), A Conversação (1974), Um Estranho no Ninho (1975), Taxi Driver (1976) e Todos os Homens do Presidente (1976)- esse último, inclusive, abordava o Caso de Watergate em si, narrando para as audiências a história de dois jornalistas envolvidos na investigação do escândalo.
Nessa época, Sylvester Stallone também não vivia um dos melhores momentos de sua vida. Em busca de oportunidades no mundo da atuação, em 1970, ele chegou a estrelar uma espécie de filme pornográfico leve chamado The Party at Kitty and Stud’s (Mais tarde relançado com o nome “O Garanhão Italiano“, fazendo alusão ao apelido de Rocky Balboa nos filmes), além de ter conseguido algumas pequenas pontas em filmes como Bananas, de 1971, escrito e dirigido por Woody Allen. Apesar disso, a maioria de suas tentativas de alcançar notoriedade foram frustradas e o jovem Stallone chegou até mesmo a ser rejeitado para o papel de guarda-costas de Don Corleone em O Poderoso Chefão (1972).
Nesse contexto, em março de 1975, após assistir a luta entre Muhammad Ali, o então campeão mundial dos pesos-pesados de boxe, e Chuck Wepner, um lutador desconhecido, onde todos acreditavam que Ali derrotaria seu adversário com bastante facilidade, Stallone teve a inspiração para o roteiro de Rocky. Na luta, apesar da derrota iminente para Ali, Wepner resistiu bravamente, e, em determinado momento, chegou até mesmo a derrubar o Campeão Mundial.
No período em que começou a escrever o roteiro longa, o ator conta que passava por necessidades, sendo obrigado até mesmo a vender seu tão querido bichinho de estimação, um cachorro chamado Butkus. Assim, após passar cerca de três dias seguidos escrevendo quase sem parar, Stallone, mais tarde, conseguiria vender o roteiro do filme para a United Artists. Porém, com uma única e inegociável condição: ele mesmo atuaria como Rocky Balboa.
Dito isso, como os executivos do estúdio eram contrários à ideia, Stallone aceitou um cachê muito menor pela atuação e roteiro juntos do que o estúdio pretendia pagar somente pelo roteiro. Na época, os produtores Irwin Winkler e Robert Chartoff, apesar de terem achado a história escrita por Stallone bastante interessante, acreditavam que seria mais atraente para o público se o longa fosse estrelado por um grande astro da indústria, com nomes como dos de Robert Redford e Burt Reynolds sendo dois dos mais cotados para tal.
Filmado com um orçamento de somente 1 milhão de dólares, um valor baixíssimo para os padrões da época, Rocky: Um Lutador se tornou um grande sucesso nos Estados Unidos e no mundo. Na trama, acompanhamos a história de Rocky Balboa (Stallone), um boxeador humilde e de bom coração da Filadélfia, que, paralelamente a participação em lutas amadoras em clubes decadentes, trabalha como “cobrador” de um agiota local. A vida de Rocky mudará para sempre, porém, quando ele recebe a chance de enfrentar Apollo Creed (Carl Weathers), o campeão mundial dos pesos-pesados. Após seu oponente original sofrer um acidente, Apollo decide dar uma oportunidade a um lutador desconhecido, em forma de estratégia publicitária- o grande motivo de Creed optar por Balboa é seu apelido, “O Garanhão Italiano”, que ele considera extremamente marcante.
Em suma, dado o contexto de desânimo que todo um país se encontrava, com uma produção cinematográfica cercada de filmes de temáticas sombrias, Rocky foi um longa que conseguiu levar uma dose de esperança para as plateias da época. Apollo Creed, o indivíduo que decide dar uma oportunidade para um desconhecido, orgulhosamente veste o calção com a estrelada bandeira norte-americana. Rocky, por outro lado, é um humilde descendente de imigrantes italianos, que deverá superar suas próprias limitações, por meio do trabalho duro, em bsuca de um grande objetivo- aguentar a luta com Creed até o final, um feito inédito que o transformaria em algo a mais do que um esteriótipo de azarão. Fica claro, aqui, o ponto de vista de que o Sonho Americano não morreu. A américa é a terra das oportunidades.
Esses temas, por sua vez, ganham vida pelas lentes ágeis do cineasta John G. Avildsen (Que mais tarde comandaria Karatê Kid: A Hora da Verdade, de 1984), acompanhadas das partituras inspiradas do compositor Bill Conti, onde somos apresentados a uma montanha Russa de sentimentos ao longo das duas horas de projeção. Desde os momentos românticos entre Rocky e Adrian, seu interesse amoroso vivido pela atriz Talia Shire, até a lendária sequência de treinamento (um caso pioneiro do uso de steadicam no cinema, artifício que dá a sensação de uma câmera flutuante nas cenas), que culmina na trinfual cena de Rocky subindo as escadas que levam até o Museu de Arte da Filadélfia, e o memorável clímax nos ringues, Rocky: Um Lutador é um filme repleto de emoção, infalível em atingir até mesmo o mais “seco” dos espectadores.
Coroado com uma incrível bilheteria de 225 milhões de dólares, Rocky se tornou um dos filmes mais lucrativos de seu tempo. Além disso, na cerimônia do Oscar de 1977, o filme ainda foi indicado a nove prêmios, saindo vitorioso em três: Melhor Diretor para Avildsen; Melhor Edição e Melhor filme. Batendo, nessa última, os favoritos Taxi Driver e Todos os Homens do Presidente, em uma decisão da Academia de Los Angeles que refletia muito mais o que o longa significava dado o supracitado contexto da época, do que suas qualidades como filme propriamente ditas.
Na mesma cerimônia, Stallone também chegou a ser indicado ao prêmio de Melhor Ator. Porém, apesar de não ter sido o vencedor, perdendo a estatueta dourada para Peter Finch em Rede de Intrigas, teve na “readoção” de Butkus a sua maior vitória. O ator utilizou o cachê ganho em Rocky para reaver o seu tão amado amigo, que ainda de quebra fez uma ponta no filme.
Não há dúvidas de que Rocky Balboa é o papel definitivo da carreira de Sylvester Stallone. Na verdade, o ator e o personagem se misturam em um só. Apesar de, em inúmeras outras ocasiões, Stallone ser questionado com relação às suas habilidades como ator em si, em Rocky isso não acontece. Há muito de Stallone em Rocky e vice-versa. Quando encarna o personagem, transmitindo mensagens motivacionais que, por mais clichês que possam soar, jamais deixaram de inspirar audiências ao redor do mundo, o ator parece estar sempre falando um pouco sobre si mesmo. Sobre valores em que ele mesmo acredita, que injetam muito coração a um verdadeiro ícone da sétima arte.
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