A HISTÓRIA POR TRÁS DE O ILUMINADO!

A HISTÓRIA POR TRÁS DE O ILUMINADO!

O Iluminado completa esse ano 40 anos de seu lançamento original nos Cinemas. O filme estrelado por Jack Nicholson e dirigido por Stanley Kubrick se tornou um dos maiores clássicos do terror na história da sétima arte e é considerado um dos melhores filmes do diretor, que faleceu em 1999.

Kubrick é um daqueles diretores únicos na história do cinema. O cineasta lançou ao todo 13 longas-metragens em sua carreira e se mostrou versátil ao se arriscar nos mais variados gêneros. Desde Comédia (Dr. Strangelove), Filme épico (Spartacus), Ficção Científica (2001: Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica), Filme de época (Barry Lyndon) e Guerra (Nascido para Matar), o diretor, com seu perfeccionismo inconfundível, provou sua genialidade e competência ao obter aclamação em todas essas categorias, lançando filmes classificados como obras-primas que o transformaram em um dos maiores e mais importantes cineastas da história.

Stanley Kubrick.

Em meados dos anos 70, o diretor vinha do lançamento de Barry Lyndon (1975), que apesar de elogiado pela crítica por seu primor técnico, acabou não fazendo sucesso de bilheteria. Tomado pelo pensamento de realizar um próximo filme comercialmente bem sucedido, o cineasta decidiu optar por algo diferente. O gênero da vez? Terror, que era, até então, inédito em sua carreira. Para tal, a escolha de Kubrick foi adaptar uma obra de Stephen King: O Iluminado, lançado em 1977.

O diretor escreveu o roteiro em parceria com Diane Johnson, escritora cuja obra Noites Persas, de 1988, foi indicada ao Prêmio Pulitzer (O Oscar da literatura). A trama base do livro foi mantida. Basicamente, acompanhamos Jack Torrance, um escritor que aceita um emprego para tomar conta do Hotel Overlook. Seu filho, Danny, possui habilidades psíquicas e consegue sentir e ver fantasmas que habitam o hotel. Com o tempo, Jack é dominado por uma presença sobrenatural que o faz perseguir Danny e sua esposa.

Para o elenco, o escolhido para viver o protagonista foi Jack Nicholson. O ator já era na época um dos mais importantes de sua geração, tendo vencido um Oscar por Um Estranho no Ninho (1975). Juntaram-se a Nicholson, Shelley Duvall, como esposa de Jack Torrance, e Danny Lloyd, como seu filho.

O indomável Jack Nicholson em O Iluminado.

A produção do longa foi, em partes, tranquila. Porém, a grande polêmica em relação aos bastidores foi o perfeccionismo de Kubrick. Com suas repetições de filmagens de takes até alcançar o que ele considerava aceitável, o diretor levava os atores a exaustão. A atriz Shelley Duvall foi a maior vítima das filmagens de O Iluminado. Diz a lenda que em determinado momento suas reações de desespero com gritos e choro eram reais. Essa característica do cineasta sempre foi uma das queixas das estrelas de seus longas. A própria Duvall, anos depois em uma entrevista, afirmou que esse foi o papel mais difícil de sua carreira.

Na icônica cena do banheiro foram utilizadas 60 portas até Kubrick ficar satisfeito com o resultado final. Já as 127 tentativas de filmagem de uma outra cena (a do taco de beisebol) entraram para o Guiness.

Além disso, outro ponto a ser ressaltado da produção do filme foi o uso da até então jovem steadicam (equipamento que faz a câmera “flutuar”). O longa se destacou por usar de forma significativa essa nova tecnologia, que já havia sido previamente utilizada em Rocky: Um Lutador e Esta Terra É Minha, ambos de 1976. O resultado conferiu a O Iluminado sequências antológicas, que proporcionam maior envolvimento e imersão do espectador no filme e contribuem para o clima de suspense que o cerca.

As cenas de Danny andando com seu triciclo pelo Hotel são algumas das mais emblemáticas do longa com uso de steadicam.

Lançado em 23 de maio de 1980, o filme se tornou bem sucedido de bilheteria e crítica de forma geral. Porém, dentro de toda essa história existe um detalhe crucial. Stephen King não gostou nem um pouco do resultado final do longa, alegando que a história se desviava muito do que foi proposto por ele inicialmente em seu livro. O escritor alegou que Kubrick abriu muito a mão do sobrenatural no filme.

No livro, King imaginava o motivo para a loucura de Jack Torrance sendo abertamente a questão de ele ser dominado por forças malignas que assombravam o hotel. Já na adaptação, Kubrick fez parecer que a loucura partiu do próprio Torrance, deixando o sobrenatural implícito. O motivo para isso não é claro. Porém análises a filmografia do diretor nos induzem a pensar que essa adaptação seria para se encaixar com o seu estilo e temas abordados ao longo de sua carreira, tendo em vista que Kubrick se destacou por embarcar a fundo em análises da psique e comportamento humano em seus filmes.

Stephen King.

Enfim, tendo King gostado ou não de O Iluminado, o resultado final do longa é louvável enquanto cinema. Extremamente bem realizado tecnicamente falando (como o manual “Kubrickiano” exige), boas atuações e sequências memoráveis, o longa se tornou um ícone Pop e recentemente voltou ao “topo das paradas” com o lançamento de uma sequência: Doutor Sono (2019), com Ewan Mcgregor interpretando um crescido Danny Torrance. O Iluminado é um filme que definitivamente todos deveriam assistir alguma vez na vida, assim como todas as outras realizações de Stanley Kubrick. Fica a dica!


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