“Os Filmes tocam nossos corações, despertam nossa visão e mudam a maneira como vemos as coisas. Eles nos levam a outros lugares, abrem portas e mentes. Os Filmes são memórias do nosso tempo de vida, precisamos mantê-los vivos“- Martin Scorsese
Hoje Martin Scorsese completa 78 anos de idade! Um dos maiores e mais queridos cineastas entre cinéfilos do mundo todo, ele fez parte de um movimento cinematográfico nos anos 70 que ficou conhecido como A Nova Hollywood, onde junto de nomes como Steven Spielberg, Brian de Palma, Francis Ford Coppola e George Lucas compunha um time de jovens diretores com inovadoras ideias que podiam ser postas em prática por conta da queda código Hays de censura do cinema hollywoodiano na época.
Ao longo de mais de quatro décadas, o diretor realizou algumas obras definitivas da sétima arte, cravando seu nome ao lado de outros grandes mestres e sendo considerado por muitos especialistas como o maior diretor norte-americano vivo.
Dito isso, em forma de celebração a vida e obra de Scorsese, ele será o nosso homenageado da vez no quadro Mestres da Sétima Arte. Sem mais delongas, vamos conhecer mais sobre a obra de Martin Scorsese!
Vida e Carreira
Início
Scorsese nasceu na Itália no ano de 1942. Desde muito jovem ele sempre demonstrou fascínio pela sétima arte. Quando sua família se mudou para os Estados Unidos, decidiu ingressar na faculdade de cinema em Nova York, no final dos anos 60, realizando alguns curtas e depois longas que chamaram atenção para si, entre eles Quem é que Bate a Minha Porta?, de 1967.
Nos anos 70, Scorsese experimentou uma ascensão vertiginosa ao sucesso. Em 1973, ele realizou Caminhos Perigosos, filme de máfia que marcava sua primeira contribuição (que mais tarde se tornaria uma das mais bem sucedidas parcerias diretor-ator na história do cinema) com o ator Robert De Niro.
Aclamação Global
Após seus primeiros trabalhos, a primeira grande aclamação que lançou o nome Scorsese para o mundo com força foi o longa Taxi Driver, de 1976, que por muitos ainda é considerado seu melhor filme. Após esse, Scorsese emplacou mais sucessos aclamados ao longo dos anos 80, como Touro Indomável (1980), O Rei da Comédia (1982) e o polêmico A Última Tentação de Cristo (1988), onde ele contou a história de Jesus Cristo baseado em um evangelho não-canônico da igreja católica, o Evangelho Segundo Maria Madalena, que entrega uma visão de Jesus mais humana, insinuando até mesmo a possibilidade de uma relação amorosa entre ele e a autora do título.
Já nos anos 90, um marco da carreira de Scorsese foi o aprofundamento do tema máfia em sua filmografia. Em 1990, ele realizou o aclamado Os Bons Companheiros e cinco anos depois Cassino (1995), que mostraram com perfeição a vocação do diretor em retratar a máfia. Além desses, outros destaques seus na década foram Cabo do Medo (1991), remake de um filme homônimo de 1962 com Gregory Peck, e A Época da Inocência (1993).
Nova Parceria e Novas Vitórias
Nos anos 2000 Scorsese não perdeu fôlego. A década, na verdade, foi bem marcante para sua carreira. Foi nela em que o diretor iniciou uma nova parceria de sucesso com Leonardo DiCaprio, que rendeu filmes como Gangues de Nova York (2002), a cinebiografia de Howard Hughes– O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006), que rendeu o primeiro Oscar de Melhor Diretor de sua carreira (em uma espécie de justiça histórica da academia de Los Angeles) e Ilha do Medo (2010).
Depois disso, o cineasta lançou em 2011 o longa A Invenção de Hugo Cabret, em um tipo de homenagem pessoal sua ao cinema, e em 2013 voltou a colaborar com DiCaprio no popular O Lobo de Wall Street.
Atualmente
Os trabalhos mais recentes de Martin Scorsese foram os longas Silêncio, de 2016, e o O Irlandês, de 2019, filme original da Netflix em que o diretor retornou a abordar o tema máfia com velhas conhecidas estrelas do gênero, como Al Pacino e Robert De Niro.
Como já dito, Scorsese é amplamente considerado como um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos e o maior cineasta americano vivo. Em 2002, ele ficou em nono lugar na lista dos maiores cineastas de todos os tempos da revista Sight and Sound (uma das mais respeitadas de cinema no mundo).
Além disso, o cineasta é um dos diretores que mais acumula filmes nas lista dos 100 Melhores Filmes Produzidos nos Estados Unidos de todos os tempos do Instituto Norte-americano de Cinema (AFI), ficando atrás somente de seu amigo Steven Spielberg, que possui cinco, e Alfred Hitchcock, com quatro. Atualmente, Scorsese também é o líder da The Film Foundation, organização sem fins lucrativos destinada a preservação e restauração de grandes clássicos da história da sétima arte.
Vale lembrar também que seu próximo projeto, Killers of the Flower Moon, com Leonardo Dicaprio e Robert De Niro (essa será a primeira reunião dos dois parceiros do diretor em um filme seu), já está em processo de produção e deve ser lançado em 2021.
O Cinema de Scorsese
O cinema de Scorsese é marcado por uma forte influência de suas raízes italianas. É fato que ele como um ítalo-americano, que desde cedo apreciou a sétima arte de seu país natal, aprendeu lições valiosas dos mestres de um dos cinemas mais ricos do mundo, que conta com nomes como Frederico Fellini, Michelangelo Antonioni e Roberto Rossellini.
Além disso, os filmes de Scorsese são marcados por técnicas que o diretor usa para nos aproximar de seus protagonistas e mergulhar a fundo nas suas motivações e consequência de suas ações. Entre eles estão o uso da narração em primeira pessoa e a direção intimista que nos aproxima dos personagens. Outras marcas registradas suas são o uso intenso de músicas de seus artistas favoritos (os Rolling Stones que os digam) e a violência nua e crua.
5 Filmes para Conhecer o Diretor
Taxi Driver (1976)
Primeiro sucesso estrondoso da carreira de Martin Scorsese, Taxi Driver narra a história de Travis Bickle (Robert De Niro, em uma das maiores atuações de sua carreira), um veterano da Guerra do Vietnã que por sofrer de insônia decide se tornar motorista de Taxi pelas madrugadas da Nova York dos anos 70, tomada pela prostituição e drogas. Ao realizar seu trabalho, porém, Bickle presencia cenas que causam revolta extrema em si, que incluem até mesmo a prostituição de uma menor de idade (Jodie Foster), e que o motivam a começar a pensar em se tornar uma espécie de justiceiro. Um dos mais brutais filmes de Scorsese, Taxi Driver é um longa profundo, que aborda temas que vão desde a solidão até os efeitos que a sociedade é capaz de causar nos indivíduos que vivem a sua margem. O longa venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1976.
Touro Indomável (1980)
Touro Indomável é mais um retrato brutal de Scorsese, mas dessa vez sobre a vida de uma personalidade real. Nesse longa acompanhamos a história da ascensão e queda do boxeador ítalo-americano Jake LaMotta, interpretado por um Robert De Niro na maior atuação de sua carreira, que o rendeu o Oscar de Melhor Ator em 1981 (e que incluiu o desafio de engordar mais de 30 Kg para interpretar o boxeador em decadência). O comportamento animalesco e brutal de LaMotta, ao mesmo tempo que o leva ao topo nos ringues, culmina na sua queda fora deles, com a destruição de sua relação com sua esposa e família. Filmado em preto e branco, para muitos esse é o melhor trabalho de Scorsese em relação a concepção visual, com um primor imagético marcante. Touro Indomável ficou em quarto lugar na lista dos melhores filmes estadunidenses de todos os tempos do American Film Institute (AFI).
Os Bons Companheiros (1990)
Os Bons Companheiros foi o retrato diferenciado de Scorsese da máfia. Somos apresentados aqui a Henry (Ray Liotta), um jovem que desde sempre sonhou em ser parte da máfia local de seu bairro por conta de toda o respeito que esses indivíduos tinham no meio. Ao ingressar de fato nela, o garoto se torna amigo de Jimmy (Robert De Niro) e Tommy (Joe Pesci, em uma atuação que o rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1991) e a partir daqui acompanhamos toda a sua jornada, que envolve suas realizações, decepções e traições aos seus companheiros. Scorsese nos mostra em Os Bons Companheiros um outro tipo de máfia, sendo uma visão diferenciada do que o público estava acostumado. Aqui saem de cena o glamour dos Corleone em O Poderoso Chefão para dar a lugar a um representação mais realista, informal e “grosseira” desses indivíduos, um retrato mais próximo do qual o cineasta presenciou em sua juventude na Itália.
Os Infiltrados (2006)
Os Infiltrados (que é um remake de um filme Hong-Konguês de 2002 chamado Conflitos Internos) foi o filme em que Scorsese recebeu a justiça histórica do Oscar e, depois de muitas tentativas, finalmente venceu o prêmio de Melhor Diretor, em 2007. Na trama, a polícia da cidade de Boston infiltra o policial Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) na máfia comandada por Frank Costello (Jack Nicholson). Porém, ao mesmo tempo Costello envia Colin Sullivan (Matt Damon) para se infiltrar na polícia como seu informante. Quando ambos os lados descobrem que entre eles há um suspeito de espionagem, uma verdadeira guerra é travada entre a polícia e os criminosos. Com um roteiro inteligente e envolvente, em elenco espetacular e recheado de momentos e algumas reviravoltas surpreendentes, Os Infiltrados se tornou um dos favoritos entre os fãs do diretor em sua vasta filmografia.
O Lobo de Wall Street (2013)
Para encerrar a seleção de alguns filmes essenciais de Scorsese, nosso escolhido é O Lobo de Wall Street. O longa estrelado por Leonardo Dicaprio, em uma das melhores atuações de sua carreira, se tornou um dos mais populares filmes dirigidos pelo cineasta. O filme narra a história real de Jordan Belfort, um corretor da bolsa de valores americana que cria um sistema ilegal de venda de ações que o enriquece de forma rápida e implacável. Mergulhando em um mundo de excessos, porém, Belfort não sabe os resultados negativos que suas ações podem trazer para si mesmo. Utilizando de seus elementos característicos, em O Lobo de Wall Street Scorsese mistura drama, crime e comédia, resultando em um filme envolvente com momentos hilários, que fazem valer a pena as suas três horas de duração.
Confira também nossa matéria sobre Steven Spielberg!
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