Em 14 de Julho de 2000 estreava nos cinemas americanos X-Men: O Filme, primeiro longa baseado na equipe de heróis da Marvel Comics criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1963. O longa, comandado pelo diretor estadunidense Bryan Singer (que vinha do sucesso de seus filmes anteriores Os Suspeitos de 1995 e Apt Pupil de 1998), não demorou para se tornar um sucesso instantâneo tanto de crítica como de bilheteria.
Porém, 20 anos depois de seu lançamento é que observamos como que o longa se tornou muito mais do que somente um filme de sucesso em seu tempo. Na verdade, X-Men: O filme tomou hoje uma dimensão muito além dessa quando olhamos para os últimos 20 anos do cinema de super-heróis e concluímos que foi ele o responsável por ter aberto as portas para uma era do cinema que não parece avistar um final no médio-longo prazo.
Um breve histórico dos super-heróis no cinema nos leva de volta para 1978 com o lançamento do primeiro longa do Superman, Superman: O filme, comandado por Richard Donner e estrelado por ninguém mais ninguém menos que o lendário Christopher Reeve (que na humilde opinião desse que vos escreve ainda hoje é a maior interpretação de um herói tanto no cinema quanto na televisão da história), o primeiro grande sucesso de heróis nas telas e que gerou três sequências: Superman II: A aventura continua em 1980, Superman III em 1983 e Superman IV: Em busca da paz em 1987.
No final dos anos 80, foi a vez do Homem Morcego ter seu primeiro grande sucesso nas telas com Batman de 1989, comandado por Tim Burton e estrelado por Jack Nicholson como o icônico vilão Coringa e Michael Keaton no papel do cruzado encapuzado. O filme deu início ao movimento conhecido como “Batmania”, que significou o retorno da popularidade do personagem que ainda era muito lembrado pela série dos anos 60 estrelada por Adam West, que gerou também um filme em 1966 (Batman: O homem morcego), que marcava a última aparição do personagem em um longa. O sucesso do filme de Burton resultou em três continuações: Batman: O retorno de 1992, Batman: Eternamente de 1995 e Batman & Robin de 1997, esse último tendo sido um fracasso de crítica e público que levou ao sumiço do herói das telas para só retornar em 2005 com a trilogia o cavaleiro das trevas de Christopher Nolan e com Christian Bale no papel do homem morcego.
Vale ressaltar também que nos anos 90 a Marvel, passando então por uma crise financeira alarmante, vendeu os direitos de adaptação de alguns de seus principais personagens para estúdios americanos, gerando uma sequência de filmes, muitos deles fracassos, com estética de filmes B como: Quarteto Fantástico (1994), Capitão América (1990), A morte do incrível Hulk (1993), entre outros.
Porém, foi com a venda desses direitos para Fox e Sony que frutos positivos foram colhidos na década seguinte. Chegando nos anos 2000, filmes como X-Men: O filme e Homem-Aranha, lançado em 2002 e comandado por Sam Raimi, foram o epicentro do emplacamento da era dos heróis no cinema. Foi a partir do sucesso desses que os estúdios viram a oportunidade de um mercado de lançamentos lucrativos e com uma constância maior. Foi assim então que aconteceram as sequências dos filmes da equipe dos mutantes e do teioso, assim como o ressurgimento, como dito anteriormente, da franquia Batman em 2005 com Batman Begins e o surgimento do gigante Marvel Studios, com o seu incomparável universo cinematográfico Marvel, em 2008 com Homem de Ferro, comandado por Jon Fraveau e estrelado por um Robert Downey Jr. em reascensão em Hollywood. Alguns fracassos e filmes polêmicos aconteceram, como Demolidor em 2003 estrelado por Ben Affleck (que mais tarde viria a interpretar Batman nos cinemas) e a tentativa de reviver Superman com Superman: O retorno em 2006, comandado por Bryan Singer, que vinha do sucesso da franquia X-men, e com Brandon Routh no papel do herói.
De qualquer forma, como dito no início desse texto, é olhando para a atualidade que é surpreendente o resultado da empreitada de se fazer um filme dos mutantes. Hoje em dia, são no mínimo três filmes por ano de heróis e o maior destaque vai para o universo cinematográfico Marvel, que segue a todo vapor e quebrando recordes atrás de recordes, sendo o último deles com Vingadores: Ultimato, que em 2019 se tornou a maior bilheteria da história do cinema, batendo o posto que foi ocupado por Avatar (2009) de James Cameron (inclusive, Cameron esteve envolvido em uma primeira tentativa de adaptação dos X-Men que acabou não indo para frente em 1989). Não podemos deixar de citar, porém, os estúdios Warner que ainda tentam emplacar uma regularidade de sucesso com os heróis da DC comics. Depois de algumas polêmicas e filmes que dividiram o público, como Batman vs Superman: A origem da justiça em 2016, o estúdio vem tentando encontrar o seu caminho nas telonas.
Se hoje temos uma popularização e sucesso da ideia de super-herói é por conta de alguns dos acontecimentos e marcos aqui listados. Fato é, um dia essa popularização provavelmente entrará em declínio. Assim como aconteceu com os Westerns norte-americanos que tiveram seu auge na era de ouro do cinema Hollywoodiano, nossos heróis, em um futuro distante, poderão ter o mesmo destino dos pistoleiros do velho oeste estadunidense. Porém, essa época parece ainda estar longe, tendo em vista o calendário de estreias e os recentes sucessos de alguns dos projetos de maior risco dos estúdios com heróis mais desconhecidos. Basta para nós fãs aproveitarmos ao máximo esse tempo para no futuro termos o orgulho em poder dizer: nós vivemos a era dos heróis do cinema!
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