A ORIGEM DA FICÇÃO CIENTÍFICA NO CINEMA!

A ORIGEM DA FICÇÃO CIENTÍFICA NO CINEMA!

Cerca de duas semanas atrás elaboramos uma matéria aqui no Maratonando POP onde falamos sobre a origem do gênero Terror no Cinema. Tendo a matéria dado um bom retorno, decidimos voltar aqui e contar mais sobre outros gêneros cinematográficos para vocês. Sendo assim, o escolhido de hoje para dar continuidade ao “projeto” é um dos favoritos do público Geek e Cinéfilo: Ficção Científica!

O gênero teve origem na literatura. A História verdadeira, de Luciano de Samósata, é considerada uma das precursoras da ficção científica, tendo sido escrita no século II. Ela contém muitos temas presentes no gênero, como: viagem a outros mundos, formas de vida extraterrestres, vida artificial e guerras interplanetárias. Já em uma era com o desenvolvimento maior da ciência, tivemos obras como Somnium, de Johannes Kepler.

Porém, estudiosos do gênero consideram a origem do gênero em si tendo sido no século XIX com livros como: Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne, e Guerra dos mundos, de H.G Wells. Mais tarde, no século XX, houve a sua popularização. As Revistas Pulp, escritores como Isaac Asimov (Eu, Robô) e Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisseia no Espaço) foram grandes expoentes do gênero na literatura.

Julio Verne, considerado um dos pais da ficção científica.

E no cinema, como surgiu a ficção científica? Como dito anteriormente, o gênero se estabeleceu e se tornou popular ao longo dos séculos XIX e XX. O cinema, tendo surgido no final dos séculos XIX e início do século XX, foi (e ainda é) um importante veículo midiático para adaptações (e histórias originais) do gênero. Para entender melhor, vamos por partes:

Primórdios:

A ficção cientifica no cinema está relacionada com a origem da sétima arte como um todo. O pioneirismo do cinema como forma de se contar histórias após os Irmãos Lumiére terem sido considerados por estudiosos como os seus inventores, está diretamente ligado a Georges Mélies. O francês foi responsável por estabelecer pilares da narrativa cinematográfica e por ter sido pioneiro de gêneros seminais dessa nova arte que surgia. Entre eles está a ficção cientifica. O seu filme Viagem à Lua, de 1902 (Adaptação de um livro de Julio Verne) é altamente considerado como um dos precursores do gênero no cinema. Foi nele que nasceu o tema viagem espacial nas telas. Além disso, o curta foi considerado revolucionário como um todo para época por conta de outros fatores, como, por exemplo, a sua duração (14 minutos, o que para os padrões da época era algo bem longo) e seus experimentos em técnicas cinematográficas (montagens diferenciadas, sobreposições e efeitos visuais).

O livro 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer elegeu Viagem à Lua o primeiro deles.

Após o filme de Mélies, foram lançados outros longas com temas de ficção científica que podem ser considerados influentes para o gênero, como Alelita: A Rainha de Marte (1924), sobre dois russos que viajam a marte para lutar contra uma tirania no planeta.

Metrópolis, de Fritz Lang:

Porém, apesar dos fatos citados anteriormente, aquela que é considerada a primeira grande ficção científica (ou o primeiro exemplo de filme “completo” sobre o tema) no cinema foi Metrópolis, de 1927, do lendário cineasta austríaco Fritz Lang. O filme foi produzido na Alemanha na época que o país vivia o movimento cinematográfico Expressionismo Alemão (que, como explicado em nossa matéria sobre a origem do terror, serviu como base para o horror no cinema). Metrópolis, que foi baseado no livro homônimo de Thea von Harbou (escrito em parceria com Lang, que era seu marido), na época de seu lançamento foi considerado um fracasso. Já hoje em dia, é amplamente reconhecido como uma obra-prima a frente de seu tempo e um dos melhores filmes da história, com um enredo que continua atual mesmo mais de 90 anos depois de seu lançamento.

A arquitetura da cidade futurística distópica foi inspirada em Nova York.

A influência de Metrópolis para o cinema e para a Cultura Pop é tão grande que caberia uma matéria somente para o longa explicando-a. Ele foi um dos primeiros exemplos de filme a imaginar um futuro (se passava em 2026) e o primeiro a mostrar um tipo de sociedade distópica. O modelo de cidade futurista criada no longa serviu como base para inúmeros filmes de ficção científica nas décadas seguintes, como Blade Runner (1982). Metrópolis também mudou a ideia que se tinha a respeito de robôs nas telas. O personagem Maschinenmensch (Máquina-Humana) foi um dos primeiros exemplos de um robô famoso no cinema e foi de influência extrema para obras futuras. Um dos maiores exemplos seria C-3PO, de Star Wars.

Poster de Metrópolis com a Maquina-Humana em destaque.

Fora esses pontos, o filme também se destacou por estabelecer o arquétipo do cientista louco, por seus efeitos visuais revolucionários (que surpreendem até hoje) e por abordar uma trama que ainda é atual: A segregação e exploração de classes.

O cientista Rotwang (no meio) lembra alguém familiar? Dica: De Volta para o Futuro.

Legado

Nas décadas seguintes, a ficção cientifica cresceu e se expandiu até se tornar um dos mais frutíferos gêneros cinematográficos. Após Metrópolis, Fritz Lang realizou, em 1929, A Mulher na Lua. No longa, acompanhamos um cientista que acredita que existe ouro na lua.

Os anos 30 e 40 não foram dos mais ricos, mas adaptações de clássicos de H.G. Wells foram alguns dos destaques. Exemplos: Daqui a cem anos (1936) e O Homem que Operava Milagres (1936).

Nos anos 50, os destaques foram para O Dia em que a Terra Parou (1951), do grande diretor Robert Wise (A Noviça Rebelde), e para uma nova adaptação da obra de Wells: A Guerra dos Mundos (1953), que ganhou uma refilmagem nas mãos de Steven Spielberg em 2005.

Poster icônico de O Dia em que a Terra Parou.

A Máquina do Tempo (1960), marcou o início dos anos 60 para o gênero, que mais tarde, por meio da televisão, teria um de seus maiores expoentes: Jornada nas Estrelas, franquia cuja série original foi lançada em 1966 e, em 1978, se expandiria para os cinemas. Pouco depois, nos anos 80, ela ainda resultaria em uma leva de novas séries para televisão.

Star Trek misturava ficção científica com elementos filosóficos e questões sociais de seu tempo.

Em 1968, Stanley Kubrick lançou a adaptação homônima do livro de Arthur C. Clarke: 2001: Uma Odisseia no Espaço. O longa é até hoje um dos mais cultuados e debatidos do diretor.

2001: Uma Odisseia no Espaço é uma das experiências cinematográficas mais incríveis para se ter na vida.

Os marcos da década de 70 foram o diretor russo Andrei Tarkovsky, com Solaris (1972) e Stalker (1979), e George Lucas, com o fenômeno Star Wars, em 1977. Já nos anos 80, ganhou força um novo tipo de ficção científica: O Cyberpunk, que tem como expoentes Blade Runner (1982), de Ridley Scott (que foi inspirado em um livro do escritor Philip K. Dick) e o anime Akira, baseado no mangá homônimo.

Cena de Blade Runner. Entre características do Cyberpunk estão ambientes sombrios, poluídos e dominados por tecnologia, para representar um tipo de sociedade decadente.

Matrix (1999), das irmãs LillyLana Wachowski, foi um grande sucesso no final da década de 90 do gênero, que no século XXI contou com sucessos como: Avatar (2009), Perdido em Marte (2015) e A Chegada (2016)


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