A ORIGEM DO WESTERN NO CINEMA!

A ORIGEM DO WESTERN NO CINEMA!

Seguindo com nosso quadro onde abordamos a origem e legado de um gênero no cinema, depois do Terror e Ficção Científica o nosso escolhido é o Western, também conhecido como Faroeste ou Velho-oeste!

Estudiosos do assunto consideram a origem geral do gênero sendo, por incrível que pareça, alemã. O escritor Karl May, escrevia romances com elementos característicos de Western desde o final dos anos 1870. Apesar disso, as apresentações ao vivo de Buffalo Bill (um aventureiro norte americano que ficou conhecido por caçar Bufalos) a partir de 1883, no seu The Wild West Show, pode ser considerada como sendo a origem do Western em sua forma mais conhecida. Foram nas apresentações teatrais de Bill que surgiram os esteriótipos de oeste selvagem (Caubóis, foras da lei, índios, etc.).

Baner do show de Buffalo Bill

Apesar de não ter surgido no Cinema em si, foi na sétima arte onde o gênero teve seus exemplares artísticos mais frutíferos e populares. Pelo ponto de vista comercial, filmes Western foram durante mais de duas décadas a galinha dos ovos dourados de Hollywood. Pelo ponto de vista artístico, podemos citar o crítico francês André Bazin, que em um de seus textos chegou a chamar o gênero de “O Cinema norte-americano por excelência”.

Dito isso, vamos por partes entender melhor a história dos icônicos pistoleiros do velho oeste americano no cinema!

Primórdios

O início do Western no cinema está diretamente ligado com a origem da sétima arte nos Estados Unidos como um todo. O considerado, por historiadores de forma geral, marco zero da história do cinema foi a exibição de A Chegada do Trem na Estação dos irmãos Lumière na França, em 1895. Tornando-se uma forma de se contar histórias nas mãos do francês Georges Meliès, o cinema não demorou para se popularizar pelo mundo, chegando aos Estados Unidos nos anos seguintes a sua invenção. No país, estavam entre os seus pioneiros Edwin S. Porter que, Junto de D.W Griffith, foi responsável por revolucionar a linguagem cinematográfica com seus filmes.

Entre os filmes de Porter está aquele que é considerado o primeiro Western da história do cinema: O Grande Roubo do Trem (1903). Com uma sofisticação narrativa excepcional para a época e uma atmosfera desse tipo de filme graças a presença de chapéus de caubói, cavalos e revólveres, o filme foi um marco para a história do cinema. Também foi nesse curta de 10 minutos que surgiu o primeiro astro do gênero: G. M “Bronco Billy” Anderson.

Broncho Billy Anderson – Wikipédia, a enciclopédia livre
Bronco Billy

Além disso, outro destaque do filme foi aquela que é a sua cena mais famosa, onde um dos personagens aponta sua arma para a câmera e dispara. Se levarmos em consideração que em 1895 o trem dos irmãos Lumière chegando a estação apavorou sua platéia, que acreditava que ele atravessaria a tela e a acertaria, menos de uma década depois a reação de pavor a uma arma disparando em sua direção não seria muito diferente por parte dos espectadores da história do roubo do trem.

A famosa cena final de O Grande Roubo do Trem, que no Livro 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer foi o segundo selecionado.

Era de Ouro

Após o filme de Porter, foram produzidos outros exemplos do gênero, como The Squaw Man (1914), do lendário Cecil B. Demille (Os Dez Mandamentos), Os Bandeirantes (1923), de James Cruze e o fracassado A Grande Jornada (1930). Apesar disso, foi em 1939 que foi lançado o marco inicial da era de ouro do Western nas telas: No Tempo das Diligências. Da forma mais direta possível, foi nesse filme que tivemos a ascensão dos dois maiores nomes desse gênero cinematográfico: O diretor John Ford e o astro John Wayne.

John Wayne em No Tempo das Diligências. Wayne ajudou a definir com seus papéis o esteriótipo dos heróis dos filmes de western.

Nas décadas seguintes o mundo acompanhou um verdadeiro fenômeno. Eram dezenas de filmes lançados ano após ano. A parceria Ford e Wayne resultou em obras-primas como Rio Grande (1950) e aquele que é considerado por muitos como o melhor filme do gênero na história: Rastros de Ódio (1956).

Cena de Rastros de ódio. As locações do filme se deram no Monument Valley, que se tornou locação muito usada em filmes de faroeste.

Outros destaques foram os longas do diretor Howard Hawks, como Rio Vermelho (1948) e Onde Começa o Inferno (1959), ambos com John Wayne como protagonista, e John Ford com O Homem que Matou o Facínora (1961). Além desses, Matar ou Morrer (1952) e Os Brutos Também Amam (1953) também foram grandes expoentes dos Western em sua era de ouro.

Alan Ladd como Shane em Os Brutos também amam.

Legado

Os anos 60 marcaram o início do declínio do Western nos cinemas. Um fator crucial para isso foi o desgaste natural do gênero. Expandido nos anos anteriores para a televisão, que substituiu os filmes de certa forma, e com dezenas de lançamentos todos os anos, com muitos deles Filmes B de baixa qualidade, o público naturalmente foi perdendo interesse por essa categoria de filme e, consequentemente, ele deixou de ser visto com bons olhos pelos estúdios.

Além disso, quando fazemos uma análise do que foi a década de 60 para os Estados Unidos entendemos outros fatores para isso. O surgimento da contracultura e dos movimentos pelos direitos civis das minorias em plena Guerra do Vietnã tornaram desgastadas as histórias patrióticas e estereotipadas de homens brancos corajosos que lutavam contra os índios maldosos e cruéis. Outro fator político-social dessa época foi a corrida espacial, que levou o homem a lua em 1969 com a missão Apollo 11 e fez crescer a demanda do público por filmes que se passassem no espaço (o que contribuiu para o sucesso de filmes como Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Star Wars, ambos de 1977, e do renascimento de Star Trek nos cinemas em 1979).

O caubói sendo substituído pelo Homem do espaço. Essa trama me soa familiar…

Porém, isso não significou a morte do gênero. Na própria década de 60 (antes do declínio) os Western viveram uma boa fase com os chamados Western Spaghetti, produções do gênero com origens italianas, que no meio de diversos filmes de má qualidade se destacavam por abordar uma nova visão sobre o tema e por terem uma grande qualidade técnica. Os nomes marcantes desse subgênero foram o diretor Sergio Leone e o ator Clint Eastwood, que juntos realizaram a famosa Trilogia dos Dólares: Por um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966). Nos Estados Unidos, o final da década de 60 foi marcado por filmes subversivos da categoria, numa tentativa de reinvenção. O principal deles foi Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969), estrelado por Paul Newman e Robert Redford.

Clint Eastwood em seu famoso papel O Homem Sem Nome na Trilogia dos Dólares.

Além disso, nas décadas seguintes, o Western teve alguns filmes de destaque como: Dança com Lobos (1990) e Os Imperdoáveis (1992), esse último com Clint Eastwood, que agora além de atuar, assumiu o cargo de diretor também . Juntam-se a esses algumas recentes realizações de Quentin Tarantino sobre o tema: Django Livre (2012) e Os Oito Odiados (2015).

Confira também nossas matérias sobre Terror e Ficção Científica!


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